Café "Piolho" já começou a comemorar o centenário
a O Café Âncora d'Ouro, no Porto, mais conhecido sob o lendário nome de "Piolho", começou ontem a comemorar os seus 100 anos com uma tertúlia sobre as lutas estudantis. O café só faz 100 anos no próximo dia 26 de Junho, mas já está programada a segunda tertúlia, que se realiza às 19h de terça-feira: Luís Humberto Marcos, director do Museu Nacional da Imprensa (MNI), vai abordar "o olhar satírico de vários caricaturistas sobre Eça de Queirós e as suas personagens", tema da exposição que o museu tem patente no Teatro da Trindade, em Lisboa.O proprietário do café, José António Martins, diz-se "receptivo a todas as iniciativas no âmbito, venham elas de clientes, amigos, fornecedores ou outras pessoas que queiram contribuir para levar o nome do "Piolho" cada vez mais longe". "Temos para este ano marcados mais dois debates sobre lutas estudantis, um em Setembro e o terceiro em Dezembro", revelou. Adiantou que o programa, em preparação, prevê também espectáculos de teatro da responsabilidade do actor António Capelo.
A 26 de Junho, adianta José António Martins, "será descerrada uma placa alusiva à efeméride por iniciativa da Federação Académica do Porto". "Temos ainda prevista a edição de um livro, com a história dos 100 anos do "Piolho", da autoria de Reis Lima, neto de um dos fundadores", acrescenta. Haverá nessa data oferta de copos e chávenas alusivos às comemorações, e uma cervejeira oferece uma máquina de tirar cerveja para a melhor quadra que faça referência à sua marca e ao Piolho.
Situado em frente ao edifício da antiga Reitoria da Universidade do Porto, o "Piolho" é, desde 1909, um centro de tertúlia estudantil e intelectual, testemunha de lutas de gerações de estudantes contra a ditadura. O nome originário do café, Âncora d'Ouro, sobrevive, e está bem patente no letreiro da fachada, mas todos na cidade - e fora dela - conhecem o espaço como o "Piolho".
O café só fechou por três meses, em 2006, para obras de adaptação aos novos regulamentos de salubridade