Missão militar americana no Iraque termina em 2010

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Barack Obama, hoje, em Camp Lejeune JIM YOUNG/Reuters

Uma força de transição, entre as 35 mil e 50 mil tropas vai, contudo, permanecer no território além dessa data, para aconselhamento e assistência do exército iraquiano — até de Dezembro de 2011, o prazo definitivo para a saída dos americanos.

Obama foi a Camp Lejeune, Carolina do Norte, a maior base de treinos dos Marines na costa leste, anunciar a nova estratégia para “acabar responsavelmente com a guerra do Iraque” e trazer os soldados americanos para casa “com honra e dignidade” , como repetiu ao longo da campanha eleitoral. “Deixem-me dizer isto da forma mais clara possível: no dia 31 de Agosto de 2010, a nossa missão de combate no Iraque estará terminada”, declarou, arrancando um forte aplauso da assistência.

O fim da guerra foi uma das principais bandeiras da campanha de Obama, que prometeu ao eleitorado iniciar uma retirada faseada em dezasseis meses depois da tomada de posse. Afinal, o processo vai ser cumprido durante um período de dezoito meses: depois de consultar as hierarquias militares no Iraque e Estados Unidos, o Presidente decidiu ajustar o seu calendário.

O general David Petraeus, chefe do Comando Central americano, e o líder da missão no Iraque, general Ray Odierno, defendiam um prazo mais dilatado para a retirada. O Pentágono estudou três cenários diferentes para a diminuição do contingente americano e a transição — em 16, 19 e 23 meses.

“A nossa estratégia tem um objectivo: um Iraque soberano, estável e auto-suficiente. Para alcançarmos o nosso objectivo, trabalharemos para promover um governo iraquiano que seja justo, representativo e transparente e não sirva de ponto de contacto ou porto de abrigo a grupos terroristas”, declarou Obama.

É, em traços gerais, o mesmo objectivo do seu antecessor George W. Bush, mas o Presidente fez questão de rever as expectativas e reconhecer os limites da intervenção americana. “Não conseguiremos livrar o Iraque de todos os que se opõem à América ou simpatizam com os nossos adversários. Não conseguiremos policiar todas as ruas do Iraque até que estas sejam completamente seguras”, admitiu Obama.

Como sublinhou, os Estados Unidos não podem “sustentar indefinidamente” um compromisso que coloca uma enorme pressão sobre o seu exército e custa milhões de milhões de dólares ao seu orçamento. Um mês antes do sexto aniversário da invasão, os Estados Unidos mantém cerca de 142 mil soldados no Iraque, numa guerra que custa 12 mil milhões de dólares por mês.

“Quero ser claro sobre as intenções da América. Os Estados Unidos não perseguem nem o vosso território nem os vossos recursos”, frisou Obama, numa mensagem directamente dirigida à população iraquiana. “Respeitamos a vossa soberania e os tremendos sacrifícios que fizeram pelo vosso país, e queremos que assumam a responsabilidade pela vossa segurança”, acrescentou.

Obama não ignorou a enormidade do desafio com que as autoridades iraquianas se confrontam. “Os tempos mais próximos serão difíceis. A violência ainda faz parte da vida quotidiana e muitas das questões politicas fundamentais para o futuro estão por resolver. Alem disso, o declínio do preço do petróleo tem constrangido a capacidade do governo”, observou.

Novas prioridades

Na nova estratégia, a prioridade da acção americana vai para a diplomacia e o apoio ao desenvolvimento. “Nós podemos fazer a diferença em várias frentes”, considerou Obama. “Podemos trabalhar com as Nações Unidas no apoio às eleições nacionais e melhoramento dos governos locais. Podemos ser os mediadores no estabelecimento de acordos duradouros nos temas que dividem os líderes iraquianos. Podemos apoiar as instituições a fortalecer o seu papel, protegendo a letra da lei, confrontando a corrupção e assegurando os serviços básicos”, enumerou.

Os planos do Presidente — que foram previamente comunicados pelo telefone ao primeiro-ministro iraquiano Nouri al-Maliki e ao antigo Presidente George W. Bush — agradaram aos opositores republicanos, mas foram recebidos com frieza pelos seus correligionários democratas, que queriam uma retirada mais rápida e não gostaram da escala da “força de estabilização” que a Administração Obama pretende manter no território.

O senador republicano do Arizona John McCain, adversário de Obama nas eleições para a presidência, elogiou a estratégia delineada pela Casa Branca. “No geral, parece-me um plano razoável, que pode funcionar e que eu estou disposto a apoiar”, declarou.

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