Histórico bacalhoeiro Argus regressa a mãos portuguesas depois de 30 anos nas Caraíbas
Comprado por firma de Ílhavo, o "irmão" do Creoula e do Santa Maria Manuela foi imortalizado em documentário de 1950 realizado por Allan Villiers
a O Argus, considerado um dos mais emblemáticos navios bacalhoeiros portugueses, deverá em breve regressar a Portugal depois de ter estado cerca de 30 anos nas Caraíbas a realizar cruzeiros turísticos. O lugre, imortalizado no documentário A Campanha do Argus, da autoria de Alan Villiers, acaba de ser comprado pela empresa Pascoal e Filhos, que já tem em mãos o projecto de recuperação de um outro veleiro histórico nacional, o Santa Maria Manuela. Apesar de a administração da empresa Pascoal e Filhos SA não confirmar, mas também não desmentir a aquisição da embarcação Argus, o PÚBLICO sabe que o navio, que ultimamente recebia o nome de Polynesia II, foi adquirido pela firma de Ílhavo em Aruba, estimando-se que regresse a Portugal nos próximos meses.
Resta saber que projectos terá o armador de Aveiro para aquele que foi um dos lugres mais imponentes da que ficou conhecida por The Portuguese White Fleet (Frota Branca) e que acabou por vir a ser projectado internacionalmente por força da reportagem realizada por Alan Villiers - que acompanhou, em 1950, uma campanha do lugre Argus aos bancos de pesca da Terra Nova.
Este veleiro histórico, que serviu a frota bacalhoeira portuguesa até 1970, é também reconhecido por ser "irmão" dos lugres Creoula e Santa Maria Manuela, tendo sido construído na Holanda, em 1939. Muito embora o seu desenho seja em tudo idêntico ao dos seus "irmãos", o projecto do Argus já compreendeu algumas alterações e melhoramentos.
Memórias da pesca
Com esta aquisição do Argus por uma firma nacional, a memória da epopeia dos portugueses na pesca do bacalhau na Terra Nova - em especial, a da faina maior, feita nos pequenos dóris por um só homem nos remos - poderá, a médio prazo, ganhar um novo testemunho vivo.
Além do Creoula, que está entregue à Marinha portuguesa, e do Argus, brevemente o país passará a contar com o Santa Maria Manuela, que está já a ser recuperado pela Pascoal e Filhos SA, depois de ter sido adquirido à fundação que detinha o casco do navio e que nunca chegou a conseguir arranjar verbas para a sua requalificação.
As últimas estimativas apontam para que o navio fique totalmente reconstruído em Outubro deste ano. A aposta passa por transformá-lo num navio de treino de mar, veículo da cultura científica, mas também um promotor da história e vocação marítima dos portugueses.
A esta altura, a recuperação do Santa Maria Manuela avança já a passos largos num estaleiro da Galiza, depois de ter sido alvo dos primeiros trabalhos nos estaleiros navais em Aveiro, desconhecendo-se ainda os números que estão envolvidos nesta operação.