Cancro infantil: taxa de sobrevivência global será de 85 por cento em 2010

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Todos os anos surgem cerca de 350 novos casos de crianças com cancro em Portugal Hugo Delgado/PÚBLICO

A sobrevivência ao cancro pediátrico tem vindo a "melhorar" em Portugal à semelhança do que se passa na Europa, disse à Lusa a directora do Serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Lucília Norton, a propósito do Dia Internacional da Criança com Cancro, que se assinala amanhã.

Segundo a Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, todos os anos surgem cerca de 350 novos casos de crianças com cancro em Portugal, onde esta doença é a segunda causa de morte infantil, a seguir aos acidentes.

"Temos assistido a melhorias substanciais de taxas de cura" para as quais tem contribuído o diagnóstico, que é feito cada vez mais cedo, afirmou à Lusa a coordenadora nacional da associação, Margarida Cruz.

O estudo mais recente do IPO/Porto sobre o cancro pediátrico, que faz o retrato da doença na Região Norte, distribui os diversos tipos de tumores pediátricos por quatro grupos etários - menos de um ano, um a quatro, cinco a nove e 10 a 14 anos.

No primeiro ano de vida, existe um predomínio de tumores embrionários e verifica-se um pico de incidência de leucemias nas crianças com idades entre um e quatro anos, sendo neste grupo predominantes, para além destas, os tumores do Sistema Nervoso Central (SNC) e os linfomas, adiantou Lucília Norton.

Globalmente, as três neoplasias mais frequentes em menores de quinze anos são as leucemias, tumores do SNC e linfomas.

A taxa de sobrevivência global aos cinco anos para a totalidade dos cancros pediátricos ronda os 78 por cento.

As neoplasias com melhores taxas de sobrevivência global são os linfomas (96 por cento) e as leucemias (78 por cento).

Nos tumores do SNC a taxa de sobrevivência é de 69 por cento e no neuroblastoma, o tumor sólido mais frequente na criança logo após os tumores do SNC, é de 73 por cento.

O estudo salienta que "é completamente diferente o prognóstico, conforme a doença ocorre antes ou depois do primeiro ano de vida, sendo a sobrevivência global nos lactentes próxima dos 100 por cento".

O diagnóstico da doença tem um "enorme impacto familiar e social", sendo encarada de forma "ainda mais dramática" quando se trata de uma criança, sendo uma frequente causa de desestruturação familiar e perturbação na actividade profissional dos pais, refere Lucília Norton.

O estudo defende que, por ser doença rara e haver uma maior variedade de tumores do que na população adulta, são necessários procedimentos de registo oncológico específicos, que permitam a comparação de dados entre regiões, e a realização de estudos epidemiológicos das causas de cancro.

O mesmo documento defende ainda uma actuação em diversas vertentes, como concentrar os doentes em grandes Unidades de Oncologia Pediátrica, por permitir um "fácil acesso a técnicas sofisticadas de diagnóstico", uma rentabilização de recursos humanos e materiais e mais fácil acesso a novos fármacos.

O Dia Internacional da Criança com Cancro assinala-se amanhã pela sexta vez com o objectivo de ajudar todas as crianças, independentemente do país, a obter melhores cuidados e tratamentos desta doença, que todos os anos atinge cerca de 250 mil crianças, no mundo.