Sócrates: regionalização e casamento de homossexuais são bandeiras da esquerda do povo
"Proponho-vos que no próximo programa eleitoral assumamos estas duas bandeiras que identificam o Partido Socialista como a verdadeira força da esquerda progressista, da esquerda moderna, da esquerda do povo", disse José Sócrates perante mais de meio milhar de militantes e simpatizantes do PS.
Aludindo ao casamento civil entre homossexuais, o líder socialista recomendou aos participantes na sessão de esclarecimento sobre a moção "PS: A força da mudança" - que apresentará ao XVI congresso nacional do partido entre 27 de Fevereiro e 01 de Março, em Espinho - o filme "Milk", a biografia de um dos primeiros políticos assumidamente homossexuais na América dos anos 70.
Sócrates aludiu a factos muito recentes: "Não tem a ver com 100 anos atrás, tem a ver com a nossa geração. Eu não tenho nenhum orgulho na forma como a sociedade portuguesa e outras sociedades discriminavam os homossexuais ainda há umas décadas atrás", sublinhou.
O dirigente socialista frisou que a defesa do casamento entre homossexuais "não é uma vitória de uma minoria sobre uma maioria", mas uma vitória "de todos" e em nome "dos valores se sempre do PS", promovendo "uma sociedade mais aberta, livre, tolerante, humana e uma sociedade que luta contra todas as formas de discriminação", referiu.
Regionalização à procura de consenso políticoJá sobre a regionalização, José Sócrates, disse almejar que o PS lute, primeiro "por um consenso político" e também por um referendo que institua cinco regiões administrativas em Portugal. "Eu quero que haja regionalização para distribuir o poder", disse.
Durante um discurso que se prolongou por quase 50 minutos, Sócrates definiu o PS como uma partido da esquerda progressista. "Não somos da esquerda imobilista, da esquerda parada no tempo, não queremos as tradicionais receitas que estão esgotadas", frisou.
Sócrates recordou diversas medidas postas em prática pelo Governo que lidera, em áreas como a educação, nas quais, sublinhou, o executivo socialista tem "obra feita e que pede meças seja a quem for".
Antes da intervenção do secretário-geral do PS, o líder da Juventude Socialista (JS), Duarte Cordeiro, criticou a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, que disse representar "o país a preto e branco".
"É o país a preto e branco, é o século passado", frisou o dirigente da JS, aludindo às declarações da líder do PSD que se manifestou contrária ao investimento público no TGV. "A minha geração quer mais velocidade, quer chegar a Madrid no tempo em que agora chega ao Porto", contrapôs.