Fotografia de moda, ano zero - ou melhor, anos 20
O trabalho de Edward Steichen para a Vogue e Vanity Fair nos anos 20 e 30 é precursor do estilo-base da fotografia de moda e dos retratos de celebridades actuais. No International Center of Photography de Nova Iorque, duas décadas de imagens de moda nos contemplam
Muito antes da era das supermodelos, Marion Morehouse (à esquerda) foi elevada por Steichen ao estatuto de manequim-estrela. Nesta foto de 1930 estão vestidos de Madeleine Vionnet, uma das costureiras-chave da época.
Paul Poiret foi um dos pioneiros da moda no século XX e a modelo Dinarzade, vestida por ele, surge aqui retratada de forma independente e forte, ao contrário das imagens diáfanas da mulher do início do século passado.
Edward Steichen era pintor e fez a transição para a fotografia na corrente pictorialista e secessionista (que lutava pela afirmação da fotografia como forma de arte). No período Condé Nast, preferia as estrelas.
Aqui, a actriz Mary Heberden está entre a moda e o perfil de estrela. Síntese das actividades do fotógrafo na Condé Nast, editora da Vogue e da Vanity Fair, a foto mostra ainda a iluminação mais modernista usada por Steichen.
As 175 fotografias que compõem a exposição (de 16 de Janeiro a 3 de Maio) provêm dos arquivos da Condé Nast e da colecção do George Eastman House Museum. Muitas delas nunca tinham sido exibidas.
Um dos feitos pioneiros de Steichen para a fotografia de moda foi a criação de uma narrativa nos editoriais e o uso de acessórios improváveis para a época. Nesta imagem, de 1926, Marion Morehouse e a actriz Helen Lyons usam vestidos Kargère. As máscaras são de W.T. Benda e a imagem conta uma história bucólica, feminina e nostálgica
que enquadra a moda fluida da época num contexto paralelo à pintura. J.A.C.
No seu trabalho para a Vanity Fair, Steichen perfilava estrelas. Gary Cooper, actor irresistível, foi fotografado em 1930 de perto, quase com intimidade, mas sem deixar a pose de celebridade da era do studio system.