Jorge Temido e Paulo Canha estão a ser investigados pela adjudicação de trabalhos por parte da empresa municipal, que já foi alvo
de buscas da PJ

a O actual presidente da empresa municipal Águas de Coimbra foi constituído ontem arguido pela Polícia Judiciária, avançou a edição online do Campeão das Províncias. Para além de Jorge Temido, também o seu antecessor no cargo foi constituído arguido. O PÚBLICO ouviu os dois gestores, mas nenhum quis comentar. Jorge Temido limitou-se a garantir que "a empresa e a administração colaborarão sempre com a justiça", enquanto o ex-presidente Paulo Canha se recusa a falar sobre um caso que está em segredo de justiça.O mesmo argumento é utilizado pelo presidente da autarquia de Coimbra, Carlos Encarnação, para não comentar a constituição dos dois gestores - nomeados pela câmara municipal - como arguidos: "Não falo. A minha regra é sempre a mesma, não comento. São questões de tribunal", afirmou Carlos Encarnação ao PÚBLICO.
Actualmente, Jorge Temido está à frente da Águas de Coimbra, enquanto Paulo Canha - que, para além da empresa municipal, já esteve também na liderança da Associação Comercial e Industrial de Coimbra - é hoje administrador da Águas do Mondego. Os dois gestores terão sido constituídos arguidos no âmbito de um inquérito aberto pelo DIAP - Departamento de Investigação e Acção Penal, depois de, em meados de Abril de 2008, a empresa municipal Águas de Coimbra ter sido alvo de uma busca, efectuada pela Polícia Judiciária em colaboração com o DIAP.
Já antes, porém, tinha sido noticiado que a Águas de Coimbra teria aberto um concurso para o qual teriam sido convidadas empresas às quais estariam ligados profissionais da Universidade de Coimbra. Entre esses profissionais, estaria o co-orientador da tese de doutoramento do presidente da Águas de Coimbra, Jorge Temido, também docente na instituição de ensino superior. A empresa terá ainda celebrado um protocolo com a universidade, em Abril de 2007, com vista à realização de um estudo sobre o sistema de supervisão das redes de abastecimento de água e de saneamento.
Também em Maio de 2007, o actual vereador da Câmara Municipal de Coimbra, Horácio Pina Prata, e antecessor de Paulo Canha na presidência da Águas de Coimbra, alertou para o facto de, depois do seu mandato, a empresa municipal ter adjudicado um "sistema de informação de gestão em que terá gasto mais 175.000 euros do que se lhe afigurava necessário".
Jorge Temido chegou à liderança da Águas de Coimbra em 2007, enquanto Paulo Canha foi administrador ao longo de quatro anos, tendo apenas exercido o cargo de presidente durante cerca de ano e meio, entre o final de 2005 e meados de 2007.