Raquel Freire assinou há anosvalentes "Rasganço", estreiainteressante que cortava com atendência autoral da maior parte docinema português corrente mastambém recusava o popular pelopopular. "Veneno Cura", segundalonga depois de um interregno desete anos, sugere que a cineasta éuma provocadora que perdeu o pépelo meio da sua vontade detransgredir, deixando-se levar porum onirismo surreal em detrimentode uma narrativa que leva tempo aformar-se e depois se desagrega aoprimeiro toque. Num dispositivo querecorda pontualmente "Noites", deCláudia Tomaz, o filme organiza-se àvolta de dois casais unidos por umclube de strip da Ribeira portuense,convocando incesto, sexo,voyeurismo, esperança, doença emorte, e passa a sua (curta) duraçãoa tentar dar razão à definição doorgasmo como "a pequena morte".
O que não seria inteiramente dedeitar fora se não fosse a sensaçãode que Raquel Freire sabe maiscomo quer mostrar do que ondequer chegar - como se o seu filmefosse uma colecção de símbolos eideias em busca de uma história paracontar.