Roseta quer salvar restaurante panorâmico de Monsanto
Obra arquitectónica de referência pode vir a acolher Protecção Civil e bombeiros; câmara diz que não tem dinheiro para reabilitação
a Salvar o edifício do restaurante panorâmico de Monsanto, obra arquitectónica de referência em Lisboa, é o objectivo de uma proposta que a vereadora independente Helena Roseta leva à reunião de câmara de quarta-feira. A autarca sugere que a reabilitação do edifício, cujo interior se encontra vandalizado, possa vir a ser paga pelas verbas do jogo do casino que cabem ao município - uma hipótese que não entusiasma o vereador responsável pelo recinto, o também independente Sá Fernandes, que equaciona instalar ali a Protecção Civil e alguns serviços ligados aos bombeiros, embora mantendo a possibilidade de os visitantes subirem ao topo, donde se avista Lisboa inteira. "A reabilitação daquele elefante branco custa 20 milhões de euros e a câmara não tem dinheiro para isso", salienta, acrescentando que o imóvel desenhado pelo arquitecto Chaves da Costa nos anos 60, e que é propriedade do município, está "completamente degradado, abandonado e destruído".
Roseta aponta o dedo à câmara: diz que a autarquia "nunca soube pugnar pela boa manutenção do edifício, permitindo que o espírito do local fosse deturpado, ao autorizar ali a abertura de um escritório de uma empresa de filmagens, discoteca, bingo e armazém de materiais de construção civil". Quem acompanhou a história do edifício nas últimas décadas conta que foi o concessionário da discoteca quem, nos anos 80, lhe rebaixou piso e meio para ali instalar a discoteca.
O fracasso dos vários negócios que ali foram sendo instalados fez com que o antigo restaurante fechasse definitivamente há cerca de oito anos, tendo então ficado à mercê do vandalismo. Hoje é guardado pela Polícia Municipal 24 horas por dia. Para Helena Roseta, a reabilitação tem de ser efectuada através de concurso público internacional, devendo ser proibidas novas construções no local. "As eventuais obras para adaptação a novas e modernas funcionalidades não devem resultar na adulteração arquitectónica, decorativa ou volumétrica do conjunto", defende.
Com sete mil metros quadrados, o edifício integra várias obras de arte - painéis e altos-relevos - de artistas como Querubim Lapa. Está classificado como valor concelhio. Os vereadores comunistas já antes pediram explicações sobre o seu futuro, mas ficaram sem resposta.
Sá Fernandes diz que a câmara está a estudar o problema há um ano e que o porá a discussão pública no início da Primavera. A falta de verbas poderá ser resolvida recorrendo a privados ou por uma candidatura a apoios para o efeito, adianta.