Arqueólogos querem regresso do teatro romano em Braga
a A Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM) defende a escavação integral e a recuperação do Teatro Romano da colina de Cividade, encontrado em Braga há quase dez anos. A autarquia não tem projecto para aquele local, mas está aberta à ideia, exigindo apenas o apoio do Ministério da Cultura (MC) a uma iniciativa desta envergadura.O modelo de recuperação do monumento defendido pela UAUM tem inspiração também em terrenos da antiga Hispânia romana. Nas cidades espanholas de Mérida, Cartagena e Saragoça, os teatros romanos foram recuperados, integrados na malha urbana e devolvidos à sua função inicial, enquanto espaço de representação.
Manuela Martins, que preside à unidade de arqueologia, defende a total escavação do teatro para depois se pensar na sua recuperação e utilização pública. "O bom estado de conservação das estruturas conhecidas permite pensar nessa solução", defende a arqueóloga. Mas devolver ao teatro romano de Braga a sua função original implica um investimento de milhões de euros. "É necessário fazer a integração do edifício no local em que está inserido, desenvolver uma cobertura que o proteja e instalar equipamentos que permitam a sua utilização", adianta Manuel Martins. O teatro romano de Saragoça, inaugurado em 2003, custou 12 milhões, mas a recuperação do monumento de Cartagena, aberto no último Verão, ascendeu a quase 30 milhões.
No entanto, este é um investimento com retorno. No primeiro mês depois da abertura, 13 mil pessoas visitaram o teatro de Cartagena e são esperados 60 mil visitantes até ao final do ano. Mérida, cujo teatro foi reabilitado nos anos 30 do século passado, recebe há 55 edições um festival de teatro clássico e acolhe cerca 400 mil visitantes anuais. Manuela Martins entende que o teatro de Cividade é, por isso, uma oportunidade para Braga. Para a arqueóloga trata-se da "maior descoberta da Braga romana" e "um exemplar único no Noroeste peninsular e em Portugal", pelo que acredita na existência de condições para levar o projecto avante, "desde que haja vontade política".