Partido marroquino quer mudanças da Constituição
a O primeiro-ministro marroquino, Abbas El Fassi, foi reeleito secretário-geral do Partido da Independência (Istiqlal), que até ontem esteve reunido em congresso em Rabat. Na agenda esteve o apoio a uma reforma constitucional para alargar os poderes do Governo e do Parlamento e aumentar a separação de poderes. Mas os responsáveis do partido sublinham que as reformas devem ser feitas "em perfeito acordo" com o rei Mohammed VI."A reforma deve reforçar o princípio da separação dos poderes, bem co-
mo do trabalho governamental e parlamentar", disse Latifa Bennani-Smires, presidente do grupo parlamentar do partido e membro do comité executivo. "O país precisa de reformas constitucionais, em perfeito acordo com o rei Mohammed VI, para assegurar a verdadeira democracia a que aspiram todos os marroquinos", adiantou.
Ao pedir uma revisão constitucional, o Istiqlal (conservador moderado, com 52 lugares no Parlamento) assume uma posição idêntica à da União Socialista das Forças Populares (USFP), com 38 lugares no Parlamento e que também defendeu uma mudança constitucional semelhante no congresso de Novembro.
Embora com maioria, o partido de Abbas El Fassi enfrentará um primeiro teste nas eleições municipais previstas para Junho, já num cenário em que uma formação política recente, o Partido da Autenticidade e Modernidade (PAM), formou uma aliança de centro-direita, alegadamente apoiada pelo rei, com a União Nacional de Independentes e alcançou assim uma maioria no Parlamento. A nova coligação levou os partidos a delinear mais cedo a sua estratégia para as legislativas previstas para 2012.
A reeleição de Abbas El Fassi por unanimidade para o terceiro mandato à frente do partido ocorreu "a título excepcional", uma vez que os estatutos apenas permitem dois mandatos. Um outro concorrente, Moulay M'Hamed El Khalifa, acabou por retirar a sua candidatura. "Por não haver qualquer dissidência oficial, o 15.º congresso [do Partido da Independência] parece ter suscitado frustrações, sobretudo entre os jovens", escreveu o diário marroquino Le Matin em editorial.
Mais do que pela defesa de uma mudança constitucional, o encontro de cerca de 4000 militantes do partido foi marcado por manifestações contra os acontecimentos em Gaza, que o primeiro-ministro marroquino qualificou de "ataques bárbaros contra civis palestinianos inocentes".
O Partido da Independência tornou-se a primeira formação política de Marrocos nas eleições legislativas de 2007 e deverá defrontar nas municipais de Junho, para além da recente coligação de centro-direita, o partido islamita Justiça e Desenvolvimento, que é a segunda força política do país, e a USFP, que é o principal partido de esquerda em Marrocos.
O primeiro--ministro Abbas El Fassi ficará um novo mandato, o terceiro, à frente do Partido da Independência