Quadro de Ticiano deve ficar no Reino Unido após donativo do Governo escocês
a Há duas versões para a mesma notícia: o quadro Diana e Actéon, do italiano Ticiano, deve ficar no Reino Unido após cinco meses de incerteza. A primeira versão dá conta de doações de milionários, mais 12 milhões de euros do Fundo do Património Nacional britânico, 13,8 milhões da National Gallery de Londres, 552 mil euros de donativos do público e de uns decisivos 18,7 milhões do Governo escocês para se manter o quadro no Reino Unido - este último valor avançado pelo Independent on Sunday. A outra indica que o negócio não estará ainda finalizado e que o Governo escocês apenas fez "um donativo significativo" para a campanha em prol da permanência do quadro no país, segundo disse um porta-voz do Governo de Edimburgo à agência Bloomberg. No entanto, a BBC indica que o anúncio oficial da compra de Diana e Actéon deve ser feito nos próximos dias.
Em Agosto, o proprietário do quadro, o duque de Sutherland, anunciou que ponderava pôr Diana e Actéon no mercado aberto e, mais tarde, o seu quadro-irmão Diana e Calisto (ambos parte da chamada colecção Bridgewater e que estão emprestados às National Galleries escocesas desde 1945) se os museus não o comprassem até 31 de Dezembro. As National Galleries e a National Gallery de Londres - que irá também exibir o quadro, numa rotação de cinco anos - uniram-se para tentar reunir os 55 milhões de euros que o duque pedia por Diana e Actéon.
À campanha das galerias juntaram--se meios de comunicação e artistas britânicos, mas terá sido o Governo de Edimburgo a dar os 18,7 milhões necessários para garantir a permanência de Diana e Actéon no país, noticiava o Independent. O duque deu quatro anos aos museus para comprar Diana e Calisto e foi garantido que nos próximos 21 anos não serão vendidos quaisquer outros quadros da colecção Bridgewater.
De acordo com os peritos, esta venda por 55 milhões é uma pechincha, muito abaixo do valor que o quadro atingiria se fosse vendido a privados - que poderia chegar aos 370 milhões, segundo o Art Newspaper. Os quadros foram pintados por encomenda do rei Filipe II de Espanha (Filipe I de Portugal) entre 1556 e 1559 e nunca foram separados.
Mesmo sem confirmação do Governo escocês sobre a sua parcela na compra do Ticiano, há já uma polémica política em torno da decisão. O deputado escocês Ian Davidson criticou na BBC Radio escocesa o investimento "obsceno" de Edimburgo em época de crise. "É difícil defender que é parte do património cultural britânico quando é um quadro de um veneziano morto há muito tempo", disse. "Muito poucas pessoas ouviram falar de Ticiano e muitas devem ter pensado que ele era um futebolista italiano".