Universidade de Coimbra entra na corrida para a descoberta da alga certa para o biodiesel
Estudos sobre a produção de biodiesel a partir de algas não começaram agora, mas em Coimbra acredita-se que Portugal pode ganhar terreno
A Tirando partido de a sua colecção de algas ser a maior do mundo, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) entrou na corrida global para a descoberta da estirpe com mais capacidade para a produção de biodiesel. Os testes já começaram e a coordenadora do projecto de investigação, a bióloga Lília Santos, considera que esta pode ser "uma excelente oportunidade económica para o país".Se noutros países, como os EUA e o Japão, a investigação sobre as potencialidades das algas como fonte de energia alternativa começou na década de 70 do século passado, o que é que pode conceder a Coimbra alguma vantagem? A resposta, diz Lília Santos, está na algoteca da FCTUC, com quatro mil estirpes diferentes de microalgas de água doce, mais de 300 géneros e mil espécies isoladas de uma vasta gama de habitats.
"Para além desta diversidade de estirpes - que inclusivamente nos têm sido pedidas por entidades estrangeiras que desenvolvem estudos para a produção de biodiesel -, temos o conhecimento que resulta do trabalho desenvolvido ao longo de anos e anos na algoteca."
Os investigadores têm dados relativamente a dois aspectos essenciais: a quantidade de lípidos (ou óleos) produzidos por uma determinada estirpe e, não menos importante, a sua rapidez de crescimento. Factores essenciais, quando está em causa a produção industrial, e que se encontram conjugados nas seis microalgas identificadas pela equipa da FCTUC.
Resultados "promissores"Quais são as estirpes em causa? O trunfo é esse e Lília Santos não o revela: "Só posso adiantar que, de acordo com a literatura científica, nenhuma delas foi testada."
Uma das estirpes está já em teste num bio-reactor - equipamento desenvolvido pela equipa para fornecer as condições óptimas ao rápido crescimento das microalgas, gerando uma elevada quantidade de óleos. Os resultados "são muito promissores".
Apontando como objectivo mínimo do projecto uma produção média de 90.000 litros por hectare e por ano, os investigadores tencionam, nos próximos meses, testar as outras estirpes e, ainda, construir uma instalação-piloto fechada, de um metro cúbico.
Em relação aos óleos vegetais convencionais, as microalgas têm a vantagem de poderem ser cultivadas em solos inadequados para agricultura, de crescerem rapidamente e serem um sorvedouro de dióxido de carbono (podendo ser alimentadas com o CO2 emitido pelas unidades industriais), enumera a bióloga.
Como este tipo de combustível não tem impacto negativo no ambiente, a Continental Airlines anunciou que amanhã se vai tornar a primeira companhia aérea comercial a pôr no ar um avião movido com 50 por cento de biodiesel, produzido a partir de algas e pinhão-manso. com Vera Monteiro