As últimas comédias de Jim Carrey ("Dick e Jane, Ladrões sem Jeito") têm as expectativas como centro. A sua personagem espera que as coisas lhe corram bem porque alguma coisa no seu comportamento o faz acreditar merecê-lo. "Sim!" continua a ser isso, um filme sobre a curva abrupta entre a euforia e o baque. Que reconhece, e isto também é muito "carreyano", a necessidade de uma reserva de emoções "negativas": como história exemplar, "Sim!" sugere que a filantropia absoluta é tão destestável como a absoluta misantropia. E por isso, neste filme sob o signo do "sim", o momento-chave é a redescoberta do "não", na cena mais alucinada de todas ("terrível palavra é um não", como dizia mais ou menos um escritor português). Peyton Reed, sem fugir muito ao esquema convencional de uma "comédia de Jim Carrey" equilibra bem a presença do actor dentro da orgânica do filme, e tem uma vantagem sobre a média dos realizadores de "comédias de Jim Carrey": filma bem. Uma palavra ainda para a parceira de Jim, Zooey Deschanel (que víramos no "Acontecimento" de Shyamalan), à atenção de realizadores e directores de "casting": ela tem, sobre ele, na sua quase impassível contenção, o mesmo efeito que Nicoletta Braschi sobre Benigni. Não se menospreze isto.
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