A Viagem do Elefante Como Saramago fez da dor humor
Nem descidas plateia abaixo, nem abraços nem fotógrafos a cair em enxame: ontem, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, as luzes desceram dramaticamente e José Saramago entrou em palco sob aplausos, como num espectáculo. Depois do lançamento mundial, na semana passada, em São Paulo, foi a vez do lançamento nacional de A Viagem do Elefante. Dez anos e nove obras após o Nobel, Saramago falou sobre um dos temas mais presentes nos últimos meses: a doença que quase o levou à morte e que rodeou todo o processo de escrita d'A Viagem do Elefante, o 41.º título que publica com a sua editora desde 1979, a Caminho (agora parte do Grupo Leya).
Saramago contou como lhe aconteceu este livro: há seis anos, em Salzburgo, quando foi jantar a um restaurante precisamente chamado O Elefante. "Não estranhei, porque os nomes dos restaurantes são quase enciclopédias de delírios", contou o escritor, num de vários momentos em que teve a plateia a rir consigo. Foi a leitora de Português na universidade da cidade que acabou por lhe mandar o material histórico sobre o elefante de D. João III. E seria a partir dele que Saramago começaria a escrever. Apenas 40 páginas, até adoecer.
"Começou com um ataque de soluços que não desejaria nem ao meu pior inimigo, até porque não sei quem ele é. Porque é que uma pessoa que está à beira da morte, que é quase nada, se há-de preocupar com acabar o raio de um livro?" Saramago não tem resposta. Tal como não sabe explicar por que há-de ser, precisamente esta, na sua opinião, uma obra com mais humor que qualquer das anteriores. "Suponho que perdi uma excelente oportunidade de fazer da minha dor poesia, romance, ou, neste caso, conto, que é o que eu lhe chamo. É um bocado estranho, nem consigo explicar por que é que este livro é assim e não um reflexo do mau bocado que eu tinha passado." Vanessa Rato
A Comissão de Trabalhadores do Alfeite convocou ontem uma greve e manifestação para 12 de Dezembro em frente ao Ministério da Defesa para "lutar contra a passagem do arsenal" para a administração da Empordef. Em causa está "a redução de postos de trabalhos" e "a alteração do estatuto dos trabalhadores", diz o comunicado. Carlos Godinho, da comissão de trabalhadores, disse não haver "qualquer benefício" que os estaleiros, que apresentaram "800 mil euros de lucro", integrem a Empordef, com "prejuízos anuais de 80 milhões de euros".
Os acidentes nas estradas portuguesas provocaram este ano 706 mortos, menos 10,7 por cento do que os registados no mesmo período de 2007, indicam dados ontem divulgados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
Os números reunidos até domingo indicam que morreram menos 85 pessoas em desastres de viação do que no mesmo período do ano passado, tendo o número de feridos graves diminuído de 2875 para 2350. O maior número de acidentes com vítimas mortais ocorre no distrito de Lisboa, seguindo-se o Porto e Setúbal.
O Governo assinou ontem um protocolo de cooperação com o provedor para o Trabalho Temporário, a RTP, a rádio TSF e a Valentim de Carvalho para combater explorações laborais de portugueses no estrangeiro. Um dos objectivos é lançar uma campanha informativa para alertar os portugueses que pretendam trabalhar no estrangeiro acerca dos seus direitos e deveres. O provedor para o Trabalho Temporário, o deputado socialista Vitalino Canas, diz não receber muitas queixas deste género, apesar de nos últimos anos terem ocorrido diversos problemas no sector.
A crise económica que se instalou a nível internacional está a reflectir-se nas tradicionais férias natalícias dos portugueses residentes nos Estados Unidos, Canadá e França, que este ano decidiram não passar o Natal em Portugal.
João Marques, proprietário da Agência Martins, em Long Island (Estados Unidos), disse que tem quebras nas vendas na ordem de, "no mínimo, 20 por cento". Esta quebra "tem vindo a registar-
-se desde os dois últimos Verões por causa do elevado preço das viagens e da diferença cambial entre o dólar e o euro".
A Associação dos Profissionais da Guarda organiza hoje, em Lisboa, o "Fórum do Descontentamento" para demonstrar a "indignação" que se vive na corporação, invocando como motivos
"salários indignos, reduzida assistência na doença e promoções em atraso". O presidente da APG/GNR, José Manageiro, disse que actualmente "a indignação é grande", sendo por isso necessário torná-
-la pública "num espaço de protesto e de debate", que prevê a participação de membros da Associação dos Profissionais da Guarda de todo o país.
O Ministério da Justiça garantiu ontem que até ao final do ano serão "saldados todos os honorários já processados" pelo apoio judiciário prestado por advogados. Numa nota de imprensa, o ministério de Alberto Costa informa que este ano "já foram pagos 31 milhões de euros" e que até ao final "vão ser pagos mais 20 milhões": "Até ao final do ano, o Instituto de Gestão Financeira e de Infra-estruturas da Justiça saldará todas as notas de honorários já processados", diz o Ministério da Justiça, depois de ter vindo a público que o Estado não está a pagar atempadamente.