A história de um país dividido em três desde os anos 90
a O Reino Unido retirou-se em 1960 da Somalilândia para que esse seu protectorado (instituído em 1886) no Corno de África se juntasse a uma colónia italiana com a mesma composição étnica (criada em 1889) e assim se formasse a Somália independente.
A partir de 1969, o país mais ocidental do continente africano passou a ser governado por Mohamed Siad Barre, que tomou o poder na sequência de um golpe de Estado. Mas em 1991, após a queda de Barre, tudo voltou à primeira forma; e alguns dos clãs setentrionais proclamaram a República da Somalilândia, que hoje em dia engloba as regiões de Awdal, Woqooyi Galbeed, Togdheer, Sanaag e Sool e não é reconhecida internacionalmente.
Trata-se de "uma democracia muçulmana pacífica, com um governo pró-ocidental", como a caracterizou The Daily Telegraph. Possui bandeira própria, hino nacional, Exército e outras instituições, que regem 3,5 milhões de cidadãos, com a capital em Hargeisa e o porto principal em Berbera, à beira do golfo de Áden.
Fora do antigo protectorado britânico, a Somália é "um mapa de confusão", como Liban Ahmad escreveu num livro publicado em 2005 no Reino Unido.
E essa confusão começa pela Puntlândia. Um território de 220.520km2, autónomo desde 1998, com 3,5 milhões de habitantes, mas que não visa a independência, preferindo vir a integrar-se numa futura federação de todos os somalis. Tal como ela, também as autoridades locais do Northland State, do Maakhir e do Galmudug afirmam reconhecer a necessidade de estruturas comuns a todos os somalis.
Por enquanto, as instituições federais transitórias da Somália criadas em Outubro de 2004 são pouco mais do que uma ficção, que apenas tem funcionado nas cidades de Mogadíscio e de Baidoa, no terço meridional do país. O maior perigo que as amea-ça é constituído por uma série de grupos fundamentalistas existentes no Centro e no Sul do país, desde a União dos Tribunais Islâmicos (UTI) até ao actualmente mais radicalizado Shabab, não se sabendo se, um dia, de toda esta manta de retalhos se poderá erguer uma só Somália, como a que foi idealizada pelos independentistas de 1960, que desejaram suceder aos colonizadores britânicos e italianos.
Fora da Somália, há ainda cidadãos de etnia somali a viver noutros países, a começar pelos sete milhões existentes na Etiópia. J.H.
Muqtar Robow Abu Mansur, líder do grupo radical Shabab, foi morto
por um míssil americano este ano