História Natural: Gabinete Transnatural de Domingos Vandelli patente em museu do Rio de Janeiro

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O naturalista fundou o Gabinete de História Natural da Universidade de Coimbra PÚBLICO (arquivo)

Intitulada "Gabinete Transnatural de Domingos Vandelli", a mostra, comissariada pelo português Paulo Bernaschina, integra as comemorações do bicentenário da chegada da corte portuguesa ao Brasil e está patente no Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Centra-se na figura de Domingos Vandelli, o médico naturalista italiano que preparou e executou a reforma iluminista dos Estudos da Universidade de Coimbra (UC), onde fundou o "Laboratório Chimico" e o Gabinete de História Natural.

Com "um papel central" no pensamento iluminista português, Vandelli "colaborou apaixonadamente" na criação dos Jardins Botânicos da UC e da Ajuda, em Lisboa, e envolveu-se também na génese da Academia Real das Ciências, onde se destacou na Série de Memórias Económicas, "uma obra pioneira" no conhecimento dos recursos naturais do território português e do império ultramarino.

Vandelli foi precursor das "Viagens Philosophicas" às colónias portuguesas de então, realizadas por naturalistas luso-brasileiros, e da "Expedição Philosophica pelas Capitanias do Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuyabá".

Segundo Paulo Bernaschina, na exposição "redesenha-se o itinerário pós-biográfico de Vandelli, a partir da articulação de peças museológicas (das Universidades de Coimbra, Porto e Lisboa e do Museu Nacional/UFRJ) com trabalhos artísticos contemporâneos inspirados no universo naturalista do Século XVIII" de autores portugueses, brasileiros e angolanos.

A mostra obedece a "uma lógica naturalista que passa pelo mapeamento das relações históricas, culturais e científicas entre Brasil, Portugal e Angola", podendo apreciar-se, nomeadamente, os primeiros registos fotográficos de Angola, realizados por Cunha Moraes.

O "Gabinete Transnatural de Domingos Vandelli" consiste em cinco módulos distribuídos por igual número de salas do Museu Nacional/UFRJ, no palácio da Quinta da Boa Vista, que foi a residência de D. João VI.

O projecto, que conta com o apoio de várias entidades, compreende também a publicação de uma obra com o mesmo título, pela editora Artez.

"O objectivo é fazer justiça a uma personagem tão interessante da nossa cultura científica e política e que não pode ser apagada", sublinhou hoje Paulo Bernaschina.

Inaugurada a 15 de Outubro no Museu Nacional/UFRJ, a exposição é o quarto módulo do projecto "Transnatural", iniciado em 2006 em Coimbra.