Recrutamento vai desde as universidades aos momentos sociais

Quantos trabalhadores tem hoje a Martifer?
Somos 2800 no total, dos quais 1400 em Oliveira de Frades, mais 500 estão entre Lisboa/Aveiro/Oliveira de Frades e cerca de 600 fora de Portugal.
Onde vai recrutar as pessoas com as habilitações de que necessita?
É uma questão fundamental para nós. Sou responsável pelos recursos humanos nesta casa e acompanho a segunda fase de entrevistas das pessoas. Recebemos na Martifer 100 currículos por semana e temos uma equipa de três pessoas que só avalia, responde e entrevista.
Como é a estratégia da Martifer?
Em 1995, pus um anúncio no Expresso para recrutar um engenheiro com experiência. Não recebi nem uma resposta. No início, as pessoas vinham aqui e diziam-me que iam pensar, o que era um não. Nunca tivemos as pessoas suficientes para as nossas necessidades. Em 1997, por causa da Expo, tivemos de ir à Roménia e à Moldávia buscar pessoas para a Expo. Hoje, a Martifer é uma empresa com visibilidade. A ida para a bolsa deu-lhe essa visibilidade.
Fomos durante quatro anos uma das 10 melhores empresas para trabalhar e das pessoas que trabalham cá, mais de 70 por cento gostariam de trabalhar sempre na Martifer, 10 por cento andam à procura de emprego lá fora e 12 por cento, se aparecerem coisas lá fora, avaliam duas vezes. E há cerca de 8/10 por cento que vão ter de arranjar emprego fora porque essa é uma regra básica desta casa: temos de ter rotatividade.
Estas são as pessoas que a Martifer precisa?
Não há políticas de recursos humanos para amanhã, constroem-se ao longo de um par de anos. Estou sempre a recrutar. Na semana passada, fui dar uma palestra a um banco e ao fim do jantar tinha dois potenciais recrutamentos. Tinha duas pessoas sentadas à minha mesa, um tinha um filho e outro um sobrinho que marcaram entrevista para o sábado seguinte.
Hoje, a Martifer é conhecida. Cá dentro, preocupamo-nos com a motivação das pessoas e com a justiça salarial. Estamos permanentemente a dar formação para elas evoluírem nas suas capacidades técnicas. Fazemos também avaliação permanente de desempenho. Nem entendo como há pessoas que não querem ser avaliadas. Temos de dizer que está mal quando está mal e premiar quando estão bem.
Estamos a desenvolver um plano de actividades no próximo ano e que já tem a ver com os filhos dos nossos trabalhadores.
O que vão fazer?
É fazer mais do que creches. Uma directora financeira, se precisar de ir 15 dias para a Roménia instalar um programa operacional de back office, tem de ir sabendo que quem fica a tratar do filho o trata tão bem como ela. Tem de haver um espaço interno que garanta que os filhos, andem já ou não na escola, tenham acompanhamento devido nas suas actividades principais. Ao nível dos directores, exigimos que as pessoas tenham disponibilidade para passar metade do seu tempo fora do país, porque a Martifer está em 19 países.
Privilegiam sempre os nacionais?
Contratamos portugueses para cá e locais para os outros países, mas há fases dos projectos que têm de ser coordenadas por nós. Por exemplo, na Roménia onde estamos a fazer uma fábrica, está lá uma equipa até entrar em cruzeiro.
Quais são as fontes de recrutamento para o trabalho qualificado?
Vamos buscar pessoas a todas as universidades de engenharia e economia e gestão do país. Lá fora fazemos o mesmo. O nosso director comercial na Polónia é um eslovaco e o de produção é romeno.
A dificuldade que encontrou em 95 continua a encontrar hoje em termos de quantidade e qualidade?
A visibilidade da Martifer hoje atrai pessoas. As pessoas escrevem-me. Falo uma vez por mês nas universidades.
São momentos também de recrutamento?
Exactamente. Também somos convidados a dar palestras nos MBA. Os alunos de MBA são pessoas na casa dos 30, com alguns anos de experiência e confesso que aí somos um bocado ‘abutres’. Aí recrutamos naturalmente.
Qual o peso da mão-de-obra qualificada do grupo?
No universo Martifer, mais de 40 por cento das pessoas têm mais do que o 12º ano, têm bacharelato ou licenciatura. Agora temos também cá dentro um centro Novas Oportunidades a dar o diploma de 12º ano a cerca de 100 pessoas.
Qual a área de maior dificuldade de recrutamento?
Soldadores. Quer para a Martifer Construções quer para a Martifer Energia. É muito complicado. Estamos permanentemente a formar pessoas e elas permanentemente a serem assediadas para trabalharem fora de Portugal.
L.F.

Iniciativas de negócios partiram de ex-secretário de Estado e ex-director-geral de Energia

Duvida do trabalho da comissão de avaliação?

Tínhamos a melhor proposta. Ganhou o grupo da EDP e a Galp ficou em segundo lugar. Ficámos com 400 MW, eles com 1200 MW e fizemos o mesmo investimento que eles. Diga-me onde fomos beneficiados.


Eram as regras do concurso. E na microgeração?

Diga-me onde fomos beneficiados. Não temos nada. Se está falar de Miguel Barreto, é uma pessoa muito inteligente e trabalhadora. Ele tinha um projecto próprio que nos veio apresentar, não fomos nós que o desafiámos. Foi ele que nos desafiou.


Também tenho pena de que alguns membros do Governo não tenham a disponibilidade que Manuel Lancastre teve quando veio falar connosco. Disse-nos: “vou sair do Governo, saí do Governo, e tenho disponibilidade para apoiar a Martifer na abertura ao mercado internacional”. Isto acontece em todo o mundo civilizado. Hoje, o melhor vendedor de Espanha é o antigo primeiro-ministro Aznar. Eu já o vi a vender empresas espanholas, produtos espanhóis como ninguém. Tenho pena que muitos membros do Governo português não façam o mesmo para que as empresas possam atacar melhor através da rede dos mercados internacionais.

E Manuel Lancastre?

Manuel Lancastre foi secretário de Estado nove meses. Desenhou o concurso eólico e quando este Governo veio, montou apenas o concurso.


Na altura, muitas críticas foram feitas por o concurso estar a ser feito à medida da Martifer.

Acha que é? Esse concurso até morreu. Se me perguntar se este concurso eólico é importante para a Martifer, eu digo-lhe que é importante para Portugal. Prevê um investimento total de mais de 600 milhões de euros, em parques industriais e num cluster industrial. O cluster industrial vai permitir fabricar, em Portugal, mais de 90 por cento dos componentes dos aerogeradores. O conjunto das unidades industriais vai criar mais de 1300 novos postos de trabalho. Mais de 60 por cento da produção das 19 unidades industriais que compõem o cluster destinam-se à exportação. E as exportações em cruzeiro podem ultrapassar os 350 milhões anuais.


A energia eléctrica é vendida é a 62 euros por Mwh, abaixo do preço da pool ibérica, ou seja, quem venda hoje energia dos parques eólicos não tem qualquer subsídio dos contribuintes nem dos consumidores. Tem uma vantagem única: a energia eólica em Portugal é a primeira a entrar na rede, não espera.

Quem é que se interessou por este concurso em Portugal? Foram os portugueses, porque até aí havia empresas estrangeiras em Portugal a operar ao nível dos parques eólicos. E não vi nenhuma dessas empresas estrangeiras sentadas à mesa no cluster industrial.

Quando comprou a posição de Manuel Lancastre na Prio por que não identificou a entidade vendedora no comunicado que emitiu para o mercado?

Porque ele não quis.


Considera que o grupo tem sido acarinhado por este Governo?

Os governos do passado acarinharam a Martifer, o actual governo acarinha a Martifer e o próximo também o fará. Porque a Martifer cria três postos de trabalho por dia, aumentou a sua visibilidade internacional e aumentou drasticamente as suas exportações em 2008 e cria riqueza para o país através do trabalho e das exportações. Diga lá qual empresa nacional com um plano de actividades igual ao nosso?


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