Novo comando americano para África já arrancou
Washington vai ser este mês palco de uma cimeira sobre o polémico Africom, chefiado pelo general Ward
a O chefe do Comando África, dos Estados Unidos (Africom), general William Ward, orientou ontem na região alemã de Estugarda uma cerimónia comemorativa da criação desta polémica estrutura, que coordena as relações militares de Washington com 53 países africanos. África vai ser o tema dominante da Cimeira Anual da Associação Internacional das Operações de Paz, de 26 a 28 deste mês em Washington, em que Ward será o orador principal.
O papel da União Africana (UA) e das Nações Unidas no futuro do continente africano deverá ser debatido por Ward com uma série de outros militares e diplomatas, na presença de representantes de organização internacionais, de organizações não governamentais e até mesmo de delegados de empresas do sector privado que contribuem para as operações de manutenção da paz e de estabilização dos territórios.
A reunião deverá servir para esclarecer que ponto está actualmente o Africom, lançado oficialmente no início deste mês, durante uma conferência no Pentágono, pelo secretário norte-americano da Defesa, Robert Gates: "O Africom representa mais um importante passo na modernização dos nossos arranjos de defesa, à luz das realidade do século XXI."
Segundo o general Ward, que já foi comandante adjunto dos Estados Unidos na Europa, o Africom vai garantir a segurança de todo um continente e intervir para evitar guerras e conflitos.
Mas os críticos da Administração de George W. Bush alegam que o súbito interesse de Washington nesta região reflecte tanto alguma preocupação com o futuro controlo dos recursos naturais como o receio despertado pela crescente presença chinesa na África.
Ward, cuja carreira militar principiou em 1971, admitiu que a necessidade deste novo comando surgiu no âmbito da "guerra global ao terror", pois depois do 11 de Setembro se entendeu na Casa Branca e no Pentágono que em África havia muitos Estados "sem lei", de que o maior exemplo é a Somália.