Mais uma série de advogados, mas diferente

Movimentos de câmara, cenários e ambiente "agressivos" para se aproximar de séries americanas

a Diferente é o termo favorito dos envolvidos em Liberdade 21, que se estreia hoje às 21h21 na RTP1, para descrever a série semanal sobre um escritório de advogados lisboeta que quer ser a parente portuguesa das séries, sobretudo made in America, que povoam a TV.Segunda-feira, teve ante-estreia à americana, com passadeira vermelha no cinema São Jorge, e visa romper com o modelo dominante das novelas, desde a realização aos cenários, para "se aproximar mais das séries que vemos hoje no Fox, no AXN", como explicou Patrícia Ferraz de Sequeira, directora de projecto de Liberdade 21, Produzida pela SP Televisão (Vila Faia, Conta-me Como Foi), em alta definição e formato 16:9, e escrita pelas Produções Fictícias, parte com um "conceito de imagem agressiva", segundo Alexandre Hachmeister, director de produção, para "uma zona estética que a diferencie", diz José Fragoso, director de programas da RTP.
Diz-se na ficção americana que há três tipos base de dramas: séries de advogados, de médicos e de polícias. A SP Televisão litigou junto da RTP a favor dos advogados porque "desde que há televisão, há drama in court mas isso nunca aconteceu em Portugal devido ao nosso processo legal. A dramatização do conflito, cuja arena é o tribunal, não é teoricamente tão cinematográfica quanto a americana", explicava Jorge Marecos Duarte, administrador da SP Televisão. A adaptação foi necessária na escrita e também na produção.
"Estávamos habituados a fazer outro tipo de ficção, novelas", explica o realizador Sérgio Graciano, e agora "a câmara mexe muito, é muito mais documental porque vai à procura dos actores. Os enquadramentos nunca são lineares" e, confessa, a adaptação durou algumas semanas.
Imaginem-se os walk and talk de Os Homens do Presidente ou Law&Order transpostos para uma sociedade de advogados que trata de cerca de três casos por episódio e cujas relações são o arco principal da temporada. A ideia é pôr os actores "em movimento constante, evitar os planos tipo foto de passe", acrescenta Patrícia de Sequeira.
"Trabalhamos com uma câmara muito livre, normalmente ao ombro, o que nos permite maior concentração não na marcação, mas na interpretação", detalha o actor Ivo Canelas (Afonso Ferraz), que destaca a "liberdade criativa" como a mais-valia da série. Eduardo Frazão (O Rapaz do Capacete Dourado), actor convidado, confirma a tal diferença, na "liberdade de movimentos" e "na direcção de actores. Há uma preocupação com a cena e um espaço para ensaiar" que não viu noutros projectos televisivos.
Liberdade 21 não assume influências directas de outros títulos, de Causa Justa a Boston Legal, mas todas "são uma inspiração", diz o realizador. Com cerca de 500 actores, entre elenco fixo (Albano Jerónimo, Ivo Canelas, Rita Lello, entre outros) e convidados (Catarina Furtado, Simone de Oliveira), Liberdade 21 está no final das gravações da segunda temporada. A RTP assumiu o risco de encomendar duas séries (52 episódios), admitiu José Fragoso, que disse que os custos são "valores absolutamente normais".

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