Tem uma carreira "oficial", e dela resultaram os aclamados "Walking Without Effort/ The Novelist" e "Dressed Up For The Letdown". Conhecê-los, porém, é conhecer apenas parte da história. Swift, camaleão versado nas mais diversas manifestações da música popular urbana, também é Instruments Of Science and Technology, designação sob a qual edita álbuns de música electrónica ambiental, toda ela paisagens sci-fi e esqueletos "kraut-rock", e, a partir deste ano, Onasis, onde se apresenta como homem de rock'n'roll visceral, blues endemoinhado e dub como explicado pelo divino Jackie Mittoo. "Richard Swift as Onasis" é uma edição marginal, uma colecção de intuições e exercícios de estilo inventados em estúdio e preservados em fita tal como nasceram - o contrário, portanto, do meticuloso orquestrador de "Walking Without Effort/ The Novelist". Canções curtas - nenhuma delas ultrapassa os dois minutos -, onde se passa do "boogie" de Bo Diddley a "dub" cavernoso, onde pianos martelados nos recordam o "gangue" Velvet Underground e a aura misteriosa de John Lee Hooker é homenageada, de forma delirante, com uivos de alma penada e percussões tribais. Nada do que ouvimos neste disco rude e primitivo (no sentido em que o "Rumble" de Link Wray também o era) será essencial no percurso de Richard Swift. Sendo isso certo, também o é que, sem ele, o retrato de um dos criadores mais interessantes da música popular da actualidade estará sempre incompleto.
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