Orientação sexual não é um tema “fracturante”

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Só o grupo Poliamor, contra a monogamia, não foi bem acolhido na marcha LGBT Rui Gaudêncio

A defesa dos direitos humanos e da cidadania plena levou a organização da marcha a, pela primeira vez, convidar associações extra-LGBT a desfilarem com o movimento. Associação para o Planeamento da Família (APF), Médicos pela Escolha e SOS Racismo (também a União de Mulheres Alternativa e Resposta esteve presente, mas já não era estreante) juntaram-se à marcha para mostrar que “a causa” do movimento LGBT “não é de alguns” e “poder contribuir para que aquela não seja invisível”, disse ao PÚBLICO Sónia Lopes, da APF.

O fato e gravata, num dia de calor tórrido, tornavam impossível ignorar a presença de Manuel. “Estou aqui em representação dos engravatados do país que não têm coragem para se assumir e dos políticos que não saem do armário”, revelou, enquanto em redor muitos filhos seguiam na marcha às cavalitas dos pais e das mães homossexuais. “Queremos uma sociedade que reconheça a diversidade de modelos familiares com iguais oportunidades perante a lei”, apelaram os manifestantes, insistindo no acesso dos homossexuais ao casamento civil, à adopção e à procriação medicamente assistida. “Porque as nossas famílias já existem”, notaram.

Mais à frente, Montse, de férias, parou com o marido para ver a marcha passar, comentando que em Madrid “costuma levar muito mais gente” e que Espanha ainda precisa de “mais mudanças”.

Mas a organização da marcha não se fez sem alguma controvérsia. A adesão ao desfile do recente grupo Poliamor – que defende o direito a formas diversificadas de relacionamento, incluindo as não monogâmicas, desde que assentes no respeito e na sinceridade – não foi bem acolhida por todos, revelando algum conservadorismo de um movimento que combate a discriminação. Ainda assim, os seus activistas apareceram e desfilaram com as Panteras Rosa.

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