Bebé raptado em hospital de Penafiel foi resgatado pela Judiciária em casa de suspeita
Eram 14h35. A mãe estava no quarto com o bebé, ainda um tanto atordoada com o parto que anteontem a sacudiu. De repente, entrou uma mulher vestida de enfermeira. Vinha buscar a criança para a pesar, para a submeter a umas análises. A mãe não desconfiou, entregou o filho.
Foi uma tarde alucinante no Hospital Padre Américo. O alerta soou quando alguém encontrou o berço vazio – uma hora depois, segundo a GNR; dez a quinze minutos depois, segundo o assessor de imprensa do hospital. A unidade hospitalar foi isolada, revistada.
A identidade das pessoas que se encontravam dentro do hospital foi verificada. As visitas só obtinham autorização para sair depois de passarem por esse processo. Quem tinha o carro estacionado no parque esperou mais – a GNR tratou de fiscalizar cada automóvel.
Uma equipa da PJ empenhou-se em visionar as imagens captadas pelo sistema de videovigilância, composto apenas por 16 câmaras colocadas nas entradas e nas saídas do hospital, apesar do reforço recente.
Ao que o PÚBLICO apurou, as imagens terão sido decisivas para a Polícia Judiciária localizar a alegada raptora e o bebé. Durante horas houve um pacto de silêncio, Os investigadores pediram ao hospital para segurar a informação para não prejudicar a operação de resgate.
Pouco depois das 21h00 já circulava a notícia de que tinha sido encontrado o filho do jovem casal residente na freguesia de São Miguel de Paredes, em Penafiel. Menos de meia hora depois, o bebé entrava no hospital, dentro de uma ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica, escoltada pela polícia.
A PJ encontrou-o em casa da suspeita, que segundo a Lusa será em Felgueiras. Ao que foi possível apurar, será uma mulher de 20 a 30 anos, que trabalha ou já terá trabalhado naquela unidade hospitalar. Para afastar qualquer risco de engano, a criança será sujeita a testes de ADN.
Este é o segundo recém-nascido raptado no Hospital de Penafiel em dois anos. A 17 de Fevereiro de 2006, desapareceu uma menina com três dias e uma saúde frágil. Foram 13 meses de “grande tristeza” na degradada casa de pedra habitada pela família Pinto, em Lousada. Mas Isaura, a mãe, “nunca” perdeu a esperança.
Só a 13 de Junho de 2006, a PJ divulgou fotogramas da suspeita, retiradas das imagens da videovigilância do hospital de Penafiel. Descreviam uma mulher de 35 a 40 anos, com 1,65 a 1,70. Em Outubro do ano passado, a raptora era condenada a quatro anos e oito meses, com pena suspensa, e ao pagamento de uma indemnização de 30 mil euros à família da criança.
Tinha 37 anos. Simulara uma gravidez desejada pelo companheiro. Desesperada, raptara o bebé. Terá aproveitado o facto de ser auxiliar de geriatria para obter um cartão de visita que lhe permitiu, de forma natural, entrar nas instalações. Ao ver o bebé sozinho, pegou nele, meteu-o no saco e fugiu.Na sequência do rapto do bebé de Lousada, a videovigilância foi reforçada, o que já terá servido para abortar duas tentativas de sequestro.