Portugal e Castela assinam Tratado de Tordesilhas
"Que se trace e assinale pelo dito mar Oceano uma raia ou linha directa de pólo a pólo (...), a trezentas e setenta léguas das ilhas de Cabo Verde em direcção à parte do poente (...). E que tudo o que até aqui tenha achado e descoberto, e daqui em diante se achar e descobrir pelo dito senhor rei de Portugal e por seus navios (...), que tudo seja, e fique pertença ao dito senhor rei de Portugal e aos seus sucessores, para sempre."
No dia 7 de Junho de 1494, Portugal assinou com Castela, sob os auspícios da Santa Sé, que para este efeito era uma espécie de ONU da época, o Tratado de Tordesilhas, de que acima se cita um excerto. Este acordo, baseado numa linha imaginária que ninguém, na época, sabia traçar com exactidão, reconhecia a Portugal direitos exclusivos em África, dava-lhe um caminho desimpedido para chegar à Índia, onde Vasco da Gama aportaria em 1498, e ainda lhe oferecia o bónus do Brasil, que Cabral iria alcançar em 1500.
Alguns autores defendem que D. João II, em 1494, não estaria apenas a acautelar o seu Plano da Índia, e que teria já conhecimento da existência do Brasil, mas a tese nunca foi demonstrada. Em rigor, aliás, o tratado garantia apenas parte do actual país, já que a imensa região amazónica ficava quase toda para lá da linha de Tordesilhas.
Naturalmente, as outras potências europeias não tardaram a fazer saber que achavam pouco curial que um país pequeno, que teria, talvez, um milhão de habitantes, fosse dono de meio mundo. Diz-se que Francisco I de França, que nascera justamente no ano em que foi assinado o tratado, pediu que lhe mostrassem a cláusula do testamento de Adão em que este determinava a partilha do mundo entre as nações ibéricas. L.M.Q.