Alta de Lisboa retoma marcha para atingir os 65 mil residentes

Sociedade gestora mobiliza cinco milhões de euros para reparar erros nas habitações. Principais acessos deverão estar prontos em três anos

a O empreendimento da Alta de Lisboa vai ser retomado ao fim de quatro anos de inoperacionalidade do seu mecanismo de gestão. A revelação foi feita ontem pelo presidente da comissão executiva da Sociedade Gestora da Alta de Lisboa (SGAL), Amílcar Martins, para quem aquele projecto de urbanização de 300 hectares é "uma oportunidade para a cidade que não pode ser perdida".O relançamento do plano, da responsabilidade da SGAL (sociedade privada) e da Câmara de Lisboa, inclui a disponibilização de uma verba de cinco milhões de euros para fazer face a deficiências nos prédios já construídos, onde habitam cerca de 32 mil pessoas, menos de metade da população que pretende atingir na próxima década (65 mil). "Vamos ter no próximo ano e meio um investimento de cinco milhões de euros para responder a tudo o que existe de menos conseguido, nos apartamentos e nas áreas comuns dos edifícios", revelou ao PÚBLICO Amílcar Martins, adiantando que a sociedade gestora já tem uma equipa no terreno para se inteirar das reclamações.
A instalação de comércio e serviços também já está em marcha, garante o presidente da SGAL. "Ao longo do último ano foram sendo criadas condições para atrair investidores para o projecto. Se ainda não construímos o centro comercial (está previsto um com área equivalente à do Centro Comercial Vasco da Gama), escritórios e hotéis é porque estes empreendimentos têm de ser desenvolvidos com os investidores", explicou Amílcar Martins, acrescentando que conta solidificar parcerias ainda este ano. "Estamos em negociações, umas preliminares e outras em fase de conclusão. Há cinco a seis investidores para cada valência."
A SGAL e a Câmara apostam ainda na conclusão das principais vias de acesso - Avenida Santos e Castro, Eixo Central e Porta Sul -, que deverão estar prontas durante os próximos três anos. "As obras nas duas primeiras estão a decorrer, e quanto à Porta Sul, estamos a analisar com a CML a melhor solução para assegurar a ligação entre a 2.ª Circular e o Campo Grande", adiantou Amílcar Martins, para quem a atracção de novos investidores não tem sofrido com as acessibilidades. "Os investidores não se preocupam com os acessos porque pôr de pé um centro comercial demora três ou quatro anos entre projecto e obras. Ora, as vias vão estar prontas antes dos três anos."
Para o responsável da SGAL, também não é correcto falar em atrasos, antes em "deslizamentos". "Este plano de urbanização conseguiu aprovação em 1996 e foi desde logo pensado para 20 anos, por isso temos de estar abertos às vicissitudes e às desactualizações. Se as vias de acesso ainda não estão prontas [a inauguração estava prevista para o final de 2004] é porque extravasam a parceria com a câmara e têm a ver com problemas com terceiros, seja pelas expropriações, seja no que respeita à tutela do território. A própria câmara não tem tido a estabilidade necessária para ultimar soluções", sublinhou. Também o mecanismo de gestão que junta a CML e a SGAL esteve inactivo desde 2004.
O PÚBLICO solicitou esclarecimentos adicionais à câmara, mas, três semanas depois de formulado, o pedido não recebeu qualquer informação.

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