Palestinianos pedem o fim de 60 anos de nakba ou "catástrofe"

a Era meio-dia local quando as sirenes se fizeram ouvir ontem por toda a Cisjordânia. O trânsito parou durante dois minutos, em homenagem aos 760 mil palestinianos que há seis décadas fugiram ou foram expulsos das suas terras no que é hoje Israel.Na cidade de Ramallah, meninos desfilaram pelas ruas, decoradas com bandeiras nacionais, envergando T-shirts onde se lia "1948" (no peito) e "Não se vende" (nas costas). Alguns seguravam velhas e enferrujadas chaves de casas abandonadas por familiares no exílio. Milhares de balões negros, simbolizando o número de dias desde 14 de Maio de 1948 - a data da criação do Estado judaico - foram lançados ao ar. Altifalantes montados em camiões propagavam o hino Biladi, Biladi (Minha pátria) e slogans patrióticos exigiam o "direito de retorno" dos refugiados (agora um total de 4,4 milhões).
Todos os anos, os palestinianos assinalam a Nakba ou Catástrofe, como designam o seu êxodo, mas este ano, em particular, o ambiente foi mais sombrio. Nunca como antes as divisões, ideológicas e geográficas, entre eles foram tão profundas. Na Faixa de Gaza, onde reinam os islamistas do Hamas, a rival e secular Fatah foi impedida de se juntar aos milhares de pessoas que, de várias formas, comemoraram a efeméride.
"Assinalamos este aniversário não para nos consolarmos, mas como evocação da gloriosa luta do povo palestiniano, cujas feridas não o dissuadiram de renascer como a fénix", disse o presidente Mahmoud Abbas (da Fatah). "Passaram 60 anos. Chegou a hora de termos o nosso próprio estado, com Jerusalém como capital. Só o fim da ocupação e dos colonatos pode garantir a segurança de Israel. A paz é a nossa escolha estratégica."
Em Gaza, o discurso do Hamas foi diferente: apelou à " resistência" e a que se abandone "a ilusão das negociações". M.S.L.

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