O Segredo de um Cuscuz

É um dos mais extraordinários filmes que vamos poder ver todo este ano, por tudo aquilo que é sem nunca realmente o ser: não é um panfleto social, não é um melodrama lamecha, não é uma comédia truculenta, mas a história do sr. Beji, um operário desempregado que decide arriscar tudo na concretização do seu sonho secreto de abrir um restaurante, é tudo isso ao mesmo tempo.

Sobretudo, é uma história de família, com o clã alargado do sr. Beji (a exmulher, a companheira, os filhos, a enteada) desenhado de modo lúcido por um realizador sensível e incrivelmente generoso para os seus actores (todos não profissionais), que se recusa a entrar no jogo do final feliz para agradar ao público e trata todas as suas personagens com a dignidade que elas merecem e um pudor extraordinário. "O Segredo de um Cuscuz" (mas que raio de título português é este?) é um filme que respira a vida como ela é e tem gente de carne e osso lá dentro, tratada com a dignidade que ela merece. É uma lição de cinema.

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