Irene Vilar (1931-2008), morreu uma escultora que trabalhava a arte com "sentido de missão"
a A escultora Irene Vilar, autora da moeda de dois euros que assinalou, no ano passado, a presidência portuguesa da União Europeia, morreu ontem no Porto, aos 76 anos. O funeral realiza-se hoje (15h), na Igreja das Carmelitas, na Foz do Douro.Nascida em Matosinhos em 1931, Irene Vilar diplomou-se na Escola de Belas-Artes do Porto e foi autora de uma obra variada, que cultivou em especial a escultura e a medalhística. Representou Camões e Pessoa, Florbela Espanca e Abel Salazar, Guilhermina Suggia e Eugénio de Andrade, o Padre Américo e o bispo do Porto, António Ferreira Gomes. Mas também figuras-símbolo, como o pescador, o bombeiro ou o militar.
A convite do governo de Macau, concebeu, em 1996, o monumento Abraço para o jardim Camões, a assinalar o regresso daquele território à administração chinesa. Mas tem a sua obra também representada nos jardins da Gulbenkian, em Lisboa, e nos núcleos urbanos de Oeiras, Guimarães, Porto ou Matosinhos, cidade onde teve o seu ateliê durante vários anos e onde deixou acabada - mas ainda por inaugurar - uma escultura representando o casamento de D. Fernando e D. Leonor Telles.
Irene Vilar cultivou também os temas religiosos: fez santos, anjos, altares, cruzes, cálices e muitos outros objectos da iconografia cristã, com um assumido "sentido de missão", como se lhe referiu o bispo auxiliar de Lisboa, Carlos Azevedo, que hoje mesmo celebrará a missa fúnebre da artista.