Filipe Vieira e Rui Costa estiveram em Manchester para contratar Eriksson

Acordo ainda não estará fechado e Benfica terá oferecido 2,2 milhões de euros por ano. Regresso do treinador à Luz é bem visto por antigas glórias do clube que trabalharam com ele

A Sven-Goran Eriksson lançou Rui Costa na I Divisão portuguesa em 1991/92. Agora, 17 anos depois, o internacional português foi a Inglaterra para negociar o regresso do treinador ao Benfica, naquele que foi o seu primeiro acto público como director desportivo. Juntamente com o ainda jogador viajaram Luís Filipe Vieira, presidente do clube, e Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD.O clube da Luz não assume as negociações, mas imagens difundidas pela SIC provam o encontro de ontem no Hotel Radisson de Manchester, onde o sueco tem vivido nos últimos dez meses. Eriksson, de 60 anos, é o treinador que o Benfica deseja para a próxima temporada, embora até à hora de fecho desta edição não tenha sido possível confirmar se já há um acordo assinado, sendo certo que a estratégia passa por não anunciar a eventual contratação até que a saída de Eriksson do Manchester City seja oficializada - o sueco tem contrato até 2010, mas ontem a BBC dava como certa a saída no final da temporada.
O PÚBLICO apurou que na reunião foram apresentadas ao técnico as minutas de um contrato, mas em Inglaterra o acordo não é dado como adquirido. Segundo o Daily Mail, o Benfica ofereceu 2,2 milhões de euros por ano, uma verba inferior aos 3,1 milhões que o técnico recebe actualmente.
O nome de Sven-Goran Eriksson merece a aprovação de benfiquistas que com ele trabalharam nas duas passagens anteriores pela Luz. Toni, que foi seu adjunto, considera que esta é uma boa escolha. "É uma figura com um grande capital de confiança junto dos sócios, que conhece bem o futebol português e o Benfica."
O passado benfiquista de Eriksson é também um dos argumentos de Vítor Paneira, que foi treinado pelo sueco. "É uma boa escolha. Já esteve no Benfica em fases diferentes e nunca perdeu o contacto com o futebol português", apontou o antigo jogador, que recorda um treinador "muito objectivo e directo na forma de abordar os jogos e os treinos".
Humberto Coelho, que foi orientado pelo nórdico nos anos 80, considera-o "um bom treinador". "É um regresso que aplaudo, mas temos de ver se conseguirá adaptar-se ao futebol português depois de tantos anos. É tudo diferente e a Liga portuguesa também é diferente da inglesa."
Contratado em 1982/83 por Fernando Martins depois de vencer a Taça UEFA pelo Gotemburgo, Eriksson era um técnico jovem, barato (ganhava 1500 contos por mês) e relativamente desconhecido na Europa. Mesmo assim, Paneira qualifica-o como revolucionário. "Mourinho teve nos últimos anos o impacto na transformação do futebol português que Eriksson teve no seu tempo no Benfica."
Mantendo a sua ligação a Portugal (tem casa na zona do Estoril), o sueco sempre deixou em aberto a possibilidade de regressar a um clube com quem chegou a ter um diferendo por causa de dívidas fiscais, situação regularizada já com Filipe Vieira como homem forte do futebol do Benfica. com J.M.M., B.P. e F.E.L.
Nas duas passagens pelo Benfica (de 1982 a 1984 e de 1989 a 1992), Sven-Goran Eriksson conquistou três campeonatos (82/83, 83/84 e 90/91), uma Taça de Portugal (82/83) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (89/90), chegando também a duas finais europeias que acabou por perder. Em 82/83, atingiu a final da Taça UEFA, perdendo com o Anderlecht nas duas mãos por um resultado de 2-1, enquanto em 89/1990 o Benfica perdeu a final da Taça dos Campeões Europeus para o Milan, por 1-0. Foi depois campeão pela Lazio (2000). P.G.

Sugerir correcção