Um em cada dez portugueses admite ser infiel
a De entre os portugueses que vivem em casal há mais de cinco anos, 12 por cento admitem ter tido outros parceiros ao mesmo tempo, mas as diferenças entre géneros são grandes: nos homens são 16,9 por cento os que dizem ter sido infiéis, mais do dobro das mulheres (sete por cento), constata o Inquérito Saúde e Sexualidade, realizado por investigadores do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.Os dados recolhidos para este estudo apontam para algumas mudanças na sexualidade dos portugueses, sobretudo entre os mais jovens e nas mulheres, mas "o mais impressionante é ver como as assimetrias de género se mantêm", afirma um dos coordenadores e investigadores do estudo, Pedro Moura Ferreira, que fala de "resistência à mudança".
Os valores das relações extraconjugais são muito diferentes entre as mulheres e os homens, assim como o contexto em que ocorrem. No caso dos homens, 40 por cento das situações em que se assume a existência de vários parceiros em simultâneo ocorrem no casamento e são práticas que persistem até mais tarde (9,6 por cento dos homens dos 55 aos 65 anos dizem ser infiéis); no caso das mulheres, a maioria das infidelidades acontece em relacionamentos enquanto são solteiras e tende a ser residual à medida que a idade avança (3,2 por cento com mais de 55 anos). É dos 25 aos 34 anos que mais é relatada a existência de parceiros simultâneos.
Os homens são também os que mais relatam relações sexuais ocasionais: são 15,7 por cento os que dizem que o seu último parceiro sexual aconteceu numa relação fortuita. Nas mulheres, este número desce para 4,5.
Continua também a haver grandes diferenças de género em relação ao número de parceiros sexuais que se tem durante a vida: no caso das mulheres, 55,7 por cento dizem ter tido apenas um parceiro sexual - "o que indicia uma sexualidade muito mais ligada à conjugalidade"; nos homens predominam (59 por cento) os que dizem ter tido quatro ou mais parceiros ao longo da vida. Independentemente destes dados reflectirem "o exagero" da performance sexual associado ao masculino e "a subestimação" das mulheres, as diferenças continuam a ser muito grandes, mas começam lentamente a esbater-se, nota o sociólogo Pedro Moura Ferreira.
Se nas mulheres dos 55 aos 65 anos cerca de 80 por cento dizem só ter tido um parceiro na vida, este número desce para 42,5 por cento nas que estão entre os 18 e 24 anos. Olhando para as faixas etárias destas mulheres mais jovens, constata-se que a idade da primeira relação sexual está a menos de um ano dos jovens rapazes da mesma idade, constata o sociólogo: 16,5 nos homens e 17,2 nas mulheres. Na geração dos 55 aos 65 anos, a diferença era de três anos. Nas gerações mais velhas eles tinham muito mais cedo a sua primeira experiência sexual (para 41 por cento, aconteceu entre os 15 e 16 anos) e, para as mulheres, iniciou-se aos 17 a 18 anos. Em 30 anos caminhou-se para uma convergência de idades para a primeira relação sexual, sublinha o sociólogo.
As distâncias mantêm-se mas confirmam-se algumas tendências, enuncia Pedro Moura Ferreira: "A perda da coincidência da sexualidade com a conjugalidade, o abandono da ideia do parceiro para a vida e a afirmação da sexualidade pré-conjugal". Nas práticas sexuais, quanto mais instruídas e mais jovens são as mulheres mais abertas estão a uma maior frequência e diversidade sexual. No feminino, a educação foi determinante para dar "o salto de qualidade na sexualidade". Neste contexto, por exemplo, "um maior número de parceiros deixa de ser pejorativamente entendido".
a Lorer summy