Durão Barroso vai discutir o Tibete e os Direitos Humanos com primeiro-ministro chinês

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A UE não esclareceu se Barroso vai também debater a questão tibetana durante o encontro com o Presidente chinês Hu Jintao Hugo Delgado/PÚBLICO

"É como ter uma vaca na sala de estar. Seria impossível Durão Barroso vir à China e não falar na questão tibetana", disse o diplomata, da representação da União Europeia (UE) na China, que pediu o anonimato por questões de protocolo.

Um comunicado da representação da UE em Pequim, que anuncia para os dias 24 e 25 de Abril a visita de Durão Barroso à China, diz também que no encontro com o primeiro-ministro chinês, "serão também discutidas as questões relacionadas com os direitos humanos e a liberdade de expressão".

"A Comissão Europeia sempre manteve um diálogo muito franco com a China sobre estes assuntos. Os recentes acontecimentos no Tibete são ainda mais uma razão para que se fale sobre eles", diz a nota de imprensa da UE.

Em Março registaram-se as mais fortes manifestações contra a administração da China no Tibete nas últimas décadas, que começaram na capital tibetana, Lhasa, e se espalharam a outras províncias ocidentais chinesas de forte influência étnica tibetana.

A China, que mantém ainda seladas a estrangeiros as regiões onde decorreram os protestos, diz que os manifestantes de Lhasa e das outras províncias mataram 18 civis e dois polícias.

O governo tibetano no exílio nega e afirma que foi a China que matou pelo menos 150 pessoas para esmagar as manifestações.

A UE não esclareceu se Barroso vai também debater a questão tibetana durante o encontro com o Presidente chinês Hu Jintao.

Para debater sobretudo temas comerciais e ambientais Barroso liderará uma equipa de nove comissários europeus na visita à China : Peter Mandelson, (Comércio), Benita Ferrero-Waldner (Relações Externas), Vladimir Spidla (Emprego e Assuntos Sociais), Janez Potocnik (Ciência e Investigação), Stavros Dimas (Ambiente), Andris Piebalgs (Energia), Louis Michel (Desenvolvimento e Ajuda Humanitária), László Kovács (Assuntos Fiscais e União Aduaneira) e Meglena Kuneva (Protecção do Consumidor).

Barroso e Wen vão também inaugurar um novo mecanismo de alto nível entre a UE e a China para discussão de temas comerciais e económicos, aprovado em Novembro de 2007 durante a 10ª Cimeira UE-China, à qual Portugal presidiu.

"Este mecanismo será uma nova ferramenta para resolver os problemas que as empresas europeias enfrentam quando se tentam estabelecer na China, em especial nos sectores do investimento, acessos ao mercado e protecção dos direitos de propriedade intelectual", refere a nota da delegação da EU na China.

Bruxelas conta com o mecanismo de alto nível para reduzir as tensões comerciais causadas pelo défice comercial da Europa com a China que, segundo a UE, cresceu para os 170 mil milhões de euros em 2007, contra 131 mil milhões de euros em 2006.

Barroso e Wen Jiabao, segundo a Comissão Europeia, vão também dar início a um diálogo entre Bruxelas e Pequim para tratar de questões como o desenvolvimento sustentável e aquecimento global, uma vez que a China é já, segundo diversos estudos, o país do mundo que emite mais gases de efeitos estufa, causadores do aquecimento global.