Defesa de Mário Machado diz que julgamento de elementos de extrema-direita tem “contornos políticos”

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Mário Machado é o único arguido que se encontra detido Miguel Madeira (arquivo)

Os 36 arguidos que hoje se sentam no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, foram acusados depois de investigações da PSP, GNR e Polícia Judiciária a nível nacional, que resultaram na realização de 60 buscas domiciliárias, na sequência das quais seriam apreendidas 15 armas de fogo, milhares de munições de calibres diversos, explosivos, dezenas de facas e soqueiras, sprays, inúmera literatura e propaganda nazi.

Para José Manuel Castro, advogado de Mário Machado, que falava em declarações à TSF, este é um processo com “contornos políticos”, que surge na sequência de uma “conjuntura mais ou menos desfavorável ao cerceamento das liberdades”.

O causídico, que considera estar-se perante um caso de violação dos direitos mais básicos dos cidadãos, defende que Mário Machado e os restantes arguidos foram acusados pelas suas orientações políticas e não pelos crimes que lhes são atribuídos. “O crime que é denominador comum a todos os arguidos é o de discriminação racial, só que de facto não existe qualquer acto concreto ou agressão racial que lhe possam ser imputados”, argumentou José Manuel Castro à rádio.

O advogado reduz as acusações a apenas “algumas frases escritas na Internet ou até rixas de rua, mas actos racistas, ódio racista, concretização daquilo que se diz na acusação, não existe”.

O Tribunal de Monsanto recebe hoje a primeira sessão de julgamento dos 36 arguidos, entre eles Mário Machado, Vasco Leitão e Rui Veríssimo, considerados os protagonistas de alguns dos actos mais violentos e os mandantes de diversas acções dos Portuguese Hammerskins.

Mário Machado é o único que se encontra detido, sendo-lhe imputados inúmeros crimes de agressões, nomeadamente o envolvimento na morte, em 1995, de Alcino Monteiro, um português de origem cabo-verdiana, espancado em Lisboa por um grupo de "skinheads".

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