Numa entrevista publicada na edição de hoje do "Diário de Notícias", o governante e músico brasileiro considera que "é impossível continuar a viver esta língua sem um novo" Acordo Ortográfico.
"É uma boa oportunidade para que a língua se resguarde relativamente aos impactos que vai sofrendo das outras línguas, aquelas que internacionalmente são mais dominantes", sustentou Gilberto Gil.
Para o ministro brasileiro, apesar de haver "muita gente céptica em relação às mudanças (...) é preciso ter coragem de renovar estas situações".
Recordou que, aos 65 anos, já passou por duas revisões da língua portuguesa, que "de alguma forma, desorganizaram todo o mundo referencial que acompanhava a linguagem do quotidiano, organizando-o de maneira diferente".
"É isso que vai voltar a acontecer. Interfere nas questões propriamente técnicas e formais da língua, como a acentuação ou a pontuação. Cria problemas novos, como o desaparecimento do trema. Os usuários da língua vão estranhar várias coisas, sobretudo as relacionadas com a sonoridade, a fonética da língua", apontou.
Comentou, na entrevista, que o músico e cantor brasileiro Caetano Veloso "fez críticas muito contundentes ao Acordo em relação a questões de pontuação e acentuação. Ele acha que muitas confusões vão surgir, como por exemplo no caso da letra `u´ sem o trema. Na palavra distinguir, por exemplo, vamos ler ou não o u?".
No entanto, Gilberto Gil considera que "é preciso experimentar" porque: "o Acordo nasce de uma necessidade, de uma demanda. Acredito que devemos vivenciá-lo, vamos viver essa língua através das novas regras. Aí, então saberemos se elas vieram para melhor ou para pior".
"(...)é natural que, de tempos a tempos, os usuários da língua e, sobretudo os mais exigentes, requeiram uma necessária revisão ortográfica. Que implica também uma saudável revisão da fala", opinou.
Na segunda-feira, na Assembleia da República, em Lisboa, deputados, embaixadores e linguístas fizeram intervenções contra e a favor do Acordo Ortográfico numa conferência internacional/audição pública organizada pela comissão parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura.