Receio de falência do Bear Stearns arrasa bolsas
Lisboa já perdeu mais
de 21 por cento em 2008.
Já perdeu todos os ganhos
de 2007, recuou para mínimos de 2006 e ameaça baixar dos 10.000 pontos
O crédito hipotecário de alto risco continua a provocar quedas elevadas nos mercados accionistas, levando os principais índices mundiais a acumular perdas anuais superiores a dois dígitos. Ainda a recuperar da possibilidade de falência do fundo Carlyle Capital, o mercado foi ontem surpreendido com a confirmação de que o emblemático banco norte-americano Bear Stearns pode também não sobreviver à crise do subprime.Os rumores sobre as dificuldades do banco já circulavam há vários dias, mas ontem o administrador executivo, Alan Schwartz, admitiu que a a situação de liquidez do banco se "deteriorou significativamente nas últimas 24 horas", o que obrigou a um pedido de empréstimo de emergência, obtido através de um acordo entre a Reserva Federal norte-americana e o JP Morgan.
O empréstimo, pelo prazo de 28 dias, pretende responder às necessidades imediatas do banco face à elevada exposição que tem àquele tipo de crédito hipotecário. A questão agora é saber se vem a tempo. É que à confirmação de dificuldades da instituição seguiu-se um quase golpe de misericórdia do mercado, com as acções a caírem mais de 50 por cento. A forte volatilidade das apostas dos investidores em relação a este título indica que alguns investidores estão a admitir que as acções do banco possam descer até zero.
O dia até tinha começado positivo na maioria das praças, à excepção das asiáticas, que fecharam ligeiramente negativas, mas depois da notícia de agonia do Bear Stearns entraram rapidamente no vermelho. Como tem sido comum nos últimos dias, os investidores saíram do mercado bolsista, em especial dos títulos financeiros, e procuraram refúgio nas matérias-primas.
Lisboa lidera quedas Na sessão de ontem, os principais índices americanos foram os que apresentaram maiores quedas. A meio da sessão, o Nasdaq Compositive perdia 2,8 por cento e o Dow Jones 1,87 por cento, fecharam o dia a cair 2,26 e 1,6 por cento, respectivamente, e já acumulam quedas desde o início do ano de 10 e 17 por cento.
Na Europa, os principais índices fecharam no vermelho, mas longe das quedas de quinta-feira, em que reagiram fortemente à expectativa de colapso do fundo Carlyle Capital. Como na véspera, o sector financeiro voltou a ser o mais pressionado.
A maior desvalorização foi registada pelo índice londrino (FTSE 100), a perder 1,07 por cento, e a menor queda foi conseguida pela bolsa de Madrid (Ibex 35), de apenas 0,40 por cento. A bolsa de Lisboa (PSI 20) terminou com uma das maiores quedas do dia, de 0,97 por cento, e o valor do índice, quase a encostar nos 10 mil pontos (10.169), o que significa que anulou todas os ganhos do ano passado e já recuou para valores mínimos de 2006.
Aliás, a praça portuguesa lidera as perdas acumuladas desde o início do ano pelos principais índices mundiais, recuando 21,89 por cento. Dos três bancos cotados no PSI-20, dois deles (BPI e BCP) estão a perder quase 40 por cento desde Janeiro e o terceiro, o BES, regista uma desvalorização acumulada de 25 por cento.