Geraldine Ferraro sai da campanha de Clinton depois de comentário polémico sobre Obama

"Se ele fosse um homem branco, ou uma mulher de qualquer cor, não estaria onde está", disse a antiga candidata a vice-presidente dos Estados Unidos

a A antiga candidata a vice-presidente dos EUA (e a primeira mulher num ticket presidencial) Geraldine Ferraro causou polémica ao afirmar que "se Obama fosse um homem branco, não estaria nesta posição". A apoiante de Hillary Clinton acrescentou: "Se fosse uma mulher de qualquer cor, não estaria nesta posição. Ele tem muita sorte de ser quem é. E o país está obcecado com esta ideia." Ferraro demitiu-se ontem do seu cargo no comité financeiro de Clinton. "Estou a sair para poder falar por mim própria", disse num e-mail à senadora. "A campanha de Obama está a atacar-me para chegar a si. Não vou deixar que isso aconteça."
Interrogada sobre o tema, Ferraro recusa-se a retirar o que disse e argumenta: "Se alguém aponta algo que tenha a ver com raça, é imediatamente racista? Poupem-me!", comentou Ferraro ao New York Times.
E no programa da ABC Good Morning America disse, em relação à campanha de Obama: "Estou absolutamente magoada pelo modo como pegaram nisto e fizeram parecer que de algum modo eu sou racista." Ferraro disse ainda que as suas palavras foram "tiradas do contexto" e acabaram por fazer o que a campanha de Obama a acusou de fazer: "dividir ainda mais" o Partido Democrata.
Questionado sobre os comentários de Geraldine Ferraro, Obama afirmou que "ser um afro-americano chamado Barack Obama" não era uma "grande vantagem" para chegar à presidência dos EUA, cita a Reuters. O responsável pela campanha, David Axelrod, disse que a frase de Ferraro foi "ofensiva" e pediu a sua demissão da campanha de Clinton.
A questão surge numa altura em que comentadores levantaram questões após a vitória de Obama nas primárias do Mississípi, em que obteve o apoio de 90 por cento dos eleitores negros e 30 por cento dos brancos. As correntes de votação das primárias são exaustivamente examinadas para tentar perceber quem é o candidato com mais hipóteses de vencer.
Hillary distancia-se
"Continuamos a achar que afastámos esta questão", disse Obama a propósito da raça, citado pelo diário britânico The Guardian. "E volta a ser levantada de novo."
Pelo seu lado, Hillary Clinton distanciou-se das declarações de Ferraro num encontro patrocinado pela National Newspaper Association, um grupo de mais de 200 jornais de comunidades afro-americanas. "Certamente repudio e lamento profundamente o que foi dito. Obviamente ela não fala pela campanha, e demitiu-se do seu lugar no meu muito grande comité financeiro", disse Hillary Clinton.
O evento acabou por ser um palco para a senadora de Nova Iorque fazer também um pedido de desculpas por um comentário do marido, Bill Clinton, quando este comparou a vitória de Obama na Carolina do Sul à do reverendo Jesse Jackson - dando a entender que ambos venceram naquele estado por serem negros, provocando muitas críticas e grande polémica.
"Sabem, peço desculpa se alguém se sentiu ofendido. Não foi dito para ser, de modo algum, ofensivo. Podemos ter orgulho tanto de Jesse Jackson como do senador Obama", disse Hillary Clinton.
E continuou, para lembrar as credenciais de Bill Clinton, que até já foi classificado pela escritora Toni Morrisson como o primeiro Presidente negro da América: "Quem siga a vida pública do meu marido ou a minha sabe bem as nossas posições e ao lado de quem estamos."
"Se alguém aponta algo que tenha a ver com raça, é imediatamente racista? Poupem-me!", reagiu Ferraro

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