Maior manifestação de sempre na Educação pintou Lisboa de negro

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Foram várias as palavras de ordem ouvidas durante a manifestação dos docentes João Henriques

No discurso que proferiu no final do desfile que ligou o Marquês de Pombal ao Terreiro do Paço, Mário Nogueira, dirigente da Fenprof e porta-voz da plataforma sindical, garantiu que "mais de um terço" da classe profissional participou no protesto de hoje - um anúncio que foi recebido com um forte aplauso pelos manifestantes.

Por seu lado, a PSP de Lisboa admite que o protesto juntou 80 mil professores, um número que ainda assim supera as expectativas iniciais dos sindicatos, que apontavam para 60 a 70 mil participantes.

A cabeça do desfile chegou ao Terreiro do Paço cerca das 16h30, mas mais de duas horas horas depois eram ainda milhares os manifestantes que chegavam ao local, onde decorrem os discursos finais. Cerca das 18h50, o Terreiro do Paço encontrava-se praticamente cheio, enquanto uma densa mole humana preenchia ainda os últimos dois quarteirões da Rua do Ouro.

Sindicatos exigem demissão da ministra

Em declarações aos jornalistas, Mário Nogueira afirmava que, a dimensão do protesto, demonstrava que “não há condições para mais diálogo” com a ministra da Educação. “Neste momento, depois desta manifestação impressionante, dizemos que a actual equipa ministerial não tem condições para continuar”, afirmou, sublinhando que “não é possível ter alguém à frente do ministério que tem, contra si, dois terços dos professores”.

“Com uma manifestação destas, este passa a ser um problema do Governo”, acrescentou o dirigente, que voltou a lançar um repto a José Sócrates. “O primeiro-ministro tem de fazer uma leitura desta manifestação. É impossível manter uma política ministerial nestas condições".

A plataforma sindical, que ao longo das duas últimas semanas promoveu protestos nas principais cidades do país, promete não baixar os braços e, esta tarde, anunciou que todas as segundas-feiras do terceiro período lectivo (que se inicia após a Páscoa) vai promover manifestações a nível local para exigir a suspensão imediata do modelo de avaliação dos professores e o adiamento da entrada em vigor do novo diploma de gestão escolar.

Maior manifestação de sempre na educação

O longo cortejo que durante toda a tarde vestiu de negro o centro de Lisboa começou a desenhar-se à hora de almoço, na rotunda do Marquês e no Parque Eduardo VII, local onde muitos professores aproveitaram para almoçar, depois de horas de viagem. A grande maioria dos manifestantes viajou nos mais de 600 autocarros fretados pela organização para transportar os docentes, oriundos do Norte ao Sul do país.

A longa marcha, antecedida por um minuto de silêncio, partiu cerca das 15h00 mas, meia hora depois, apenas o sector de Lisboa e Vale do Tejo tinha entrado na Avenida da Liberdade, enquanto os docentes do Sul e Ilhas e da região Norte se acotovelavam ainda na rotunda e na vizinha Avenida Fontes Pereira de Melo.

Na frente do protesto, caminhavam os dirigentes das dez estruturas que integram a plataforma sindical, encabeçados por uma faixa onde podia ler-se: “Pela dignidade da carreira docente, contra a precariedade”. Atrás, acotovelavam-se milhares de professores, na sua maioria mulheres, empunhando bandeiras e cartazes, muitos com referências às escolas onde leccionam.

“Ministra para a rua, que esta escola não é tua” ou “Está na hora, está na hora de a ministra ir embora”, eram alguns dos “slogans” ouvidos contra Maria de Lurdes Rodrigues. Mais atrás, as palavras de ordem não escondiam a proveniência dos que engrossavam a cauda da manifestação: “Viemos do Norte para ditar a tua sorte”.

A presença policial ao longo de toda a manifestação foi reduzida, mas no final da concentração, Mário Nogueira disse ter recebido informações de que 20 autocarros foram retidos pela polícia nas portagens de Aveiras, na A1, alegadamente para inspecções à presença de cintos de segurança nas viaturas.

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