Anwar não concorre mas é o rosto da oposição
a Anwar Ibrahim não vai hoje a votos. Mas, ainda assim, não deixa de ser a principal figura da oposição da Malásia. A sua mulher, Wan Azizah Wan Ismail, tornou-se candidata por ele, mas está disposta a "desaparecer ao pôr do Sol", assim que Anwar voltar para a política. E falta só um mês. Não por acaso, estas legislativas foram marcadas para antes de terminar o prazo em que o antigo delfim e vice do então primeiro-ministro Mahathir Mohamad poderá voltar a exercer um cargo público. Anwar foi demitido em 1998, depois acusado de corrupção e homossexualidade (crime no país); está em liberdade desde 2004, quando foi anulada a sua condenação por sodomia, recorda a AFP. Desde o início que afirmou estar a ser alvo de uma manobra política devido às suas críticas ao Governo.
Foi por isso que a sua mulher, mãe dos seus seis filhos, decidiu tomar as rédeas, embora todos saibam quem estaria por trás. Wan ocupa o único lugar no Parlamento que o partido Keadilan (Justiça) conseguiu eleger. Quando Anwar regressar, ela regressará à sua paixão: a oftalmologia.
Numa entrevista ao Asia Times on-line, Anwar (descrito como um "populista cosmopolita") garantia: "Vamo-nos sair bem, não tenho dúvidas." A verdade é que o ex-vice-primeiro-ministro foi sempre uma peça central no jogo dos partidos da oposição - que, além do próprio Keadilan, conta com o PAS islâmico e o Partido de Acção Democrática (DAP, de base chinesa).
E a prova de que o Governo o teme é a ofensiva mediática lançada ontem por jornais que o executivo controla, que publicaram entrevistas de antigos colaboradores de Anwar. "Os eleitores devem lembrar-se do camaleão que ele é. Diz uma coisa aos malaios e outra aos chineses e indianos", comentava ao New Staits Times o ministro Lim Keng Yaik. F.G.H.