Forte do Belixe, em Sagres, tem os dias contados

Apesar do acidente com turistas alemães, acesso ao mar continua aberto. O percurso, por caminho na falésia, não tem protecção

a A Fortaleza do Belixe, em Sagres - o local onde há uma semana caíram ao mar dois turistas - está condenada a desaparecer. A Capela de Santa Catarina já se encontra em queda livre, debruçada sobre o mar, como que a fazer o "adeus" da despedida. "Ainda muito resistiu ela", observam os turistas, a apontar para o mar que ali "bate, bate... e fura" a rocha. O lugar é poético, mas impõe respeito pela natureza.As autoridades marítimas continuam fazer buscas, agora já não de forma permanente, para encontrar o turista alemão, de 40 anos, que no fim-de-semana passado foi engolido pelo mar, quando se encontrava no sopé do forte do Belixe, a tirar fotografias. O corpo da mulher, de 30 anos, que o acompanhava - e que apanhada pela mesma onda -, foi recuperado ao fim de alguns horas. O comandante do porto de Portimão, Marques Pereira, lembra que foi a "falta de respeito pelo ambiente" que originou o acidente.
Estes visitantes faziam parte de um grupo de pára-quedistas que se encontrava no Alvor em exercícios. Como o dia estava mau para voar e saltar, decidiram-se por um passeio a Sagres. A fortaleza e o Cabo de S. Vicente são os dois locais habituais do tour das agências de turismo, mas a meio caminho encontra-se a Fortaleza do Belixe, que para os amantes do turismo, mais ou menos radical, se torna uma tentação irresistível. A falésia, com cerca de 50 metros de altura, tem um caminho, feito de degraus esculpidos na rocha, que conduz até mesmo à beira-mar - um exercício que não é para todos, mas não faltam aventureiros a subir e a descer até ao oceano. Até porque não existe qualquer sinal de proibição, ou simples advertência de perigo.
A Fortaleza do Belixe, além das muralhas, torre e Capela de Santa Catarina, tem um conjunto de edificações que em 1980 foram integradas na Enatur (Pousadas de Portugal), para oferta de alojamento turístico. A ameaça de erosão deste imóvel - classificado há 50 anos como de interesse público - levou ao seu encerramento.
Há cerca de oito anos, as várias entidades com interesse na zona (Ippar, Enatur, ICN) celebraram um protocolo de cooperação para deitar mãos à obra de recuperação dos edifícios, mas desistiram de qualquer intervenção pelo custos que comportava, e principalmente por considerarem um investimento, literalmente, deitado ou mar. Mais tarde ou mais cedo, concluíram os técnicos, não haveria betão que resistisse à força do mar.
Embora o edifício das Pousadas de Portugal e a capela estejam encerrados ao público, por uma questão de segurança, o caminho da fortaleza até mar, por onde se afoitaram os turistas alemãs, nem sequer se encontra sinalizado como perigoso. Após o acidente da semana passada ainda se tornou alvo de maior curiosidade. Na rocha estão cravados suportes em ferro, do lado do mar, a servir de apoio para um corrimão de corda inexistente.
A meio da semana, a governadora civil de Faro, Isilda Gomes, reuniu-se com várias entidades com jurisdição na zona, e anunciou que vai lançar na imprensa, hotéis e postos de turismo do Algarve uma campanha, ainda sem data, a alertar para os perigos de aproximação às falésias. O presidente da Câmara de Vila do Bispo, Gilberto Viegas, por outro lado, reclamou sinalética, para os perigos que as falésias representam. Desde Janeiro já se registaram cinco acidentes envolvendo quedas de arribas, de que resultaram dois mortos e três feridos. Em 2007, houve seis acidentes com quedas nas falésias, provocando a morte a seis pessoas.
A Fortaleza do Beliche não teria garantia de se aguentar de pé mais de 15 anos. Esta foi a conclusão a que chegaram os técnicos a respeito de uma possível intervenção. O projecto de obras chegou a ser desenvolvido, sob a coordenação do Ippar. A mais simples das soluções consistia em consolidar o topo da arriba e custava 280 mil euros. Com obras em betão subia para 1,6 milhões de euros. Assim, o Estado optou por deixar a natureza seguir o seu curso. Para salvar uma parte do monumento, o Ippar, em 1988, decidiu remover o retábulo do séc. XIII da capela e recolocá-lo na Capela-Mor da Igreja Nª Sª da Graça da Fortaleza de Sagres. O delegado regional do Ministério da Cultura, Gonçalo Couceiro, diz que, perante um quadro de derrocada, "tem se encarar a hipótese de demolir, e salvar aquilo que seja possível". Já o Cabo de S. Vicente permanece encerrado há quase quatro anos, objecto de obras de beneficiação geral, onde os turistas, soprados pelos ventos da história e atraídos pela beleza do sítio, chegam e partem, desiludidos. O promontório de Sagres parece terra de ninguém. O comandante da Zona Marítima do Sul, Reis Ágoas, manifesta a esperança de que, "este Verão, o farol possa abrir ao público, "já com condições dignas". Mas a entrada passará a ser paga. No seu interior, em vez do faroleiro, que com toda a sua boa vontade faz de guia, "haverá informação e peças alusivas à marinha e ao contexto histórico em que se inserem", disse Ágoas.
a A Polícia Judiciária não descarta nenhuma possibilidade. Crime passional? Ajuste de contas? Carjacking? A balança pende para o roubo de carros com recurso a armas de fogo. Contudo, a morte de Alexandra Santos de 35 anos, atingida por dois tiros, na sexta-feira, em Sacavém (concelho de Loures), continua por esclarecer.
A mulher foi atingida por dois projécteis de 6,35mm, um na mão e outro no peito, quando estava a estacionar o seu carro, um Mercedes CLK, na Urbanização Real do Forte, uma zona rica e que, segundo os vizinhos, nunca tinha registado nenhum incidente deste tipo.
O crime ocorreu perto das 20h00. A mulher, casada com o jornalista da Sport TV Fernando Santos, segundo os vizinhos, gritou e ofereceu alguma resistência, o que levou o suposto autor do crime a fugir a pé, em direcção ao Tejo, sem nada levar.
O INEM ainda tentou reanimar a mulher durante 20 minutos, mas sem sucesso. A polícia esteve também no local, onde recolheu provas durante quatro horas e encontrou um cartão falso do Ministério da Administração Interna, avançou a Lusa.
No seguimento das cinco mortes violentas em Loures em apenas uma semana, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, afirmou ontem estar confiante no trabalho da Polícia Judiciária. O ministro aproveitou ainda para assegurar que o Governo está atento às novas formas de criminalidade violenta.
O Relatório Anual de Segurança, vai incluir pela primeira vez o carjacking, uma vez que este tipo de crime aumentou 34 por cento em 2007, registando-se 488 casos, contra os 365 de 2006. A maioria dos carros roubados destina-se a ser vendido em peças separadas, mas alguns são usados em assaltos a bombas de gasolina, bancos e ourivesarias, sendo mais tarde abandonados.
Já na madrugada de ontem, um homem de 20 anos foi baleado na cabeça no estacionamento do centro comercial Oeiras Parque, quando surpreendeu um grupo de assaltantes ao pé do seu carro. A vítima está internada no Hospital São Francisco Xavier, com prognóstico reservado.
5
pessoas perderam a vida de forma violenta no espaço de apenas uma semana, no concelho de Loures. O ministro da Administração Interna disse ontem que o Governo está atento e confia no trabalho da Polícia Judiciária

Sugerir correcção