Ex-reféns colombianos querem resgatar companheiros

Bogotá reafirma que não aceita a desmilitarização dos municípios do Valle del Cauca pedida pelas FARC para discutir uma troca humanitária

39

é o número de reféns ainda nas mãos das FARC, alguns há mais de dez anos, depois das quatro libertações de quarta--feira e das duas do passado dia 10 de Janeiro
a Os quatro reféns que as FARC libertaram quarta-feira têm uma proposta a enviar aos governos de Co_
lômbia e França, e ainda ao da Venezuela, para o resgate pacífico dos companheiros que ficaram na selva, no momento em que o ministro colombiano do Interior, Carlos Holguín, reafirma a posição oficial de não ceder à proposta da guerrilha de desmilitarização da parcela de território que pretende para discutir uma troca humanitária.
É urgente agir. "Há que fazer alguma coisa para os salvar. Vamos tra-
balhar numa série de acções" para sensibilizar a opinião pública e "pressionar as partes para que entendam que a solução é política", disse Luis Eladio Pérez, um dos libertados, nu-
ma conferência que todos deram quinta-feira à noite em Caracas. "É absurdo pensar na possibilidade de
um resgate militar", e se o Presiden-te Alvaro Uribe insistir nessa via "vai
receber é 40 a 50 cadáveres", acrescentou.
O ex-sequestrado disse que os quatro têm uma "proposta" a apresentar ao líder colombiano e aos homólogos francês e venezuelano, Nicolas Sarkozy e Hugo Chávez, mas que só a anunciarão na altura própria. "Fá-
-lo-emos depois deles a conhecerem", disse, acrescentando que têm
outra a mostrar ao Governo dos Es-
tados Unidos para a recuperação dos três norte-americanos também em poder das FARC.
A guerrilha voltou a exigir quarta-
-feira a desmilitarização de dois municípios do Sul, Florida e Pradera, como condição para a discussão de uma troca humanitária, modelo que o Governo rejeitou várias vezes. E voltou a rejeitar.
"Uma zona de esvaziamento [militar] não é possível", disse, em Bogotá, num comunicado enviado à rádio Caracol, o ministro do Interior, Carlos Holguín. O Presidente Uribe, que contrapôs uma alternativa de contornos pouco explicados, recusa ainda que os rebeldes a trocar pelos 39 reféns ainda no mato, cerca de 500, possam voltar às suas fileiras.
O argumento do Governo colombiano é de que o desenho proposto pelas FARC não resultou no passado e representa além disso a alienação da soberania nacional sobre o território pedido. A guerrilha prevê que os seus homens possam movimentar-se nos dois municípios, mas não os militares. No entanto, a questão de fundo é que a região, no Valle del Cauca, fica num enclave da cordilheira central que constitui um corredor estratégico.
É neste contexto que Chávez, afas-
tado, em Novembro, por Uribe, da mediação, voltou a apresentar a pro-
posta de criação de um grupo de mediação internacional, com a participação de França, Argentina, Equador e Brasil, além do seu país.
"Toda a gente está de acordo com esta ideia, excepto Uribe", disse quinta-feira à televisão oficial.

Sugerir correcção