Para o Papa Bento XVI, o Inferno existe, ao contrário do que dizia João Paulo II
a O Inferno existe. A convicção é do Papa Bento XVI e contradiz uma outra afirmação sobre o tema, feita pelo seu antecessor, João Paulo II, segundo a qual o Céu e o Inferno não são lugares físicos. Ontem, citando o jornal italiano La Repubblica, o espanhol El País noticiava um encontro de Bento XVI com padres de Roma, na quarta-feira. Hans Urs von Balthasar, teólogo suíço muito apreciado quer por João Paulo II quer pelo actual Papa, colocou a possibilidade de o Inferno estar vazio. Contam aqueles jornais que Ratzinger respondeu convictamente: "O Inferno existe."
Já no ano passado o sucessor de João Paulo II tinha afirmado a existência do lugar da condenação: "O Inferno, de que se fala tão pouco neste tempo, existe e é eterno", disse o Papa Ratzinger em Abril de 2007.
Mas João Paulo II pensava de modo diferente: no Verão de 1999, em quatro catequeses de quarta-feira sobre o Céu, o Purgatório, o Inferno e o Diabo, o Papa Wojtyla afirmou: "O Céu não é um lugar físico entre as nuvens." E o Inferno não é um lugar, mas a "situação de quem se afasta de Deus". O Purgatório, ao contrário, seria um estado provisório de "purificação". E Satanás "está vencido: Jesus libertou-nos do seu amor".
Referindo-se ao Inferno, João Paulo II afirmara que a "trágica situação" da rejeição da comunhão com Deus é que levava a Igreja a falar de "perdição ou inferno". "Não se trata de um castigo de Deus infligido a partir do exterior, mas do desenvolvimento de premissas já postas pelo homem nesta vida." Por isso, acrescentava o Papa Wojtyla, é que "algumas das nossas terríveis experiências tornam a vida, como se costuma dizer, um "inferno"". Mas, advertia, em sentido teológico, o inferno é "a última consequência do próprio pecado, que se vira contra quem o cometeu" e a situação em que se coloca quem rejeita a misericórdia" de Deus, "também no último instante da sua vida".
Nessa mesma ocasião, a revista jesuíta Civiltá Cattolica, considerada como veiculadora de posições oficiosas do Vaticano ao nível teológico, dedicou um estudo ao tema. O Inferno deveria ser considerado "um estado de privação de Deus", escrevia a publicação. "Não é preciso acreditar, apesar das imagens populares, que Deus, por intermédio dos demónios, inflige aos condenados tormentos medonhos, tais como o fogo."