Idriss Déby Itno
Perfil de um autocrata de etnia zaghawa
Idriss Déby Itno, de 55 anos, o homem que, em 1990, a França ajudou a chegar ao poder e a quem agora ofereceu ajuda se acaso desejasse desistir desse mesmo poder, no qual tem estado encurralado, é filho de um pastor muçulmano da etnia zaghawa, grupo seminómada que tanto existe no Nordeste do Chade como na vizinha região sudanesa do Darfur.Foi com o apoio dos serviços secretos de Paris que afastou da presidência o seu antigo companheiro de armas Hissène Habré, mas, nas últimas semanas, os círculos políticos gauleses vieram a distanciar-se dele, por haver sido colocado por uma série de organizações não-governamentais no pódio dos maus governantes africanos. Contra ele foram-se acumulando acusações de corrupção e de repressão política, bem como alegações de que encheu o Governo e as Forças Armadas de elementos da etnia zaghawa, apesar de esta só representar 1,5 por cento dos certa de 10 milhões de chadianos.
Aqui, como em outros casos de dirigentes da África pós-colonial, o que se verificou foi a existência de um Presidente que não soube sê-lo de igual modo para todos os seus compatriotas, antes se preocupando sobretudo com a etnia da qual era oriundo. Neste caso os zaghawas, tradicionais pastores de vacas, camelos e ovelhas.
A partir de meados de 2006, o antigo chefe de um movimento rebelde que em 1 de Dezembro de 1990 entrou em N"Djamena começou a ser abandonado por muitos dos antigos aliados, que se refugiaram no Darfur, para, a partir daí, o contestarem de armas na mão. E, ao chegar-se ao fim de Janeiro último, era visível que poderia muito bem estar aproximar-se do fim a sua turbulenta carreira política, acabando provavelmente o seu mandato como os dos anteriores líderes do país: François Tombalbye, em 1975, Félix Malloum, em 1979, Goukouni Oueddei, em 1982, e Hissene Habré, em 1990. Todos eles afastados de cena por adversários que demonstraram a dada altura saber manejar melhor as armas do que quem estava a governar. J.H.