Paulo Teixeira Pinto recebeu 10 milhões à cabeça

Teixeira Pinto vai receber uma pensão anual de 500 mil euros até ao final de vida
Fotogaleria
Teixeira Pinto vai receber uma pensão anual de 500 mil euros até ao final de vida Paulo Ricca/arquivo
Fotogaleria

A administração do BCP veio já esta semana informar que o resultado líquido registado no exercício passado, a divulgar na próxima semana, será inferior ao verificado em 2006, quando apresentou lucros de 780 milhões de euros. No terceiro trimestre desse ano o BCP lucrou 523,2 milhões de euros, valor que no período homólogo seguinte baixou para 478,3 milhões de euros (incluindo o abate de nove milhões de euros para custos de reestruturação).

A quebra nos resultados, explicou o BCP num comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), resulta dos gastos realizados no quadro da Oferta Pública de Aquisição (OPA) falhada sobre o Banco Português de Investimento (BPI), mas também dos custos com as reformas dos gestores. Em 2007 Teixeira Pinto foi o único executivo a deixar o grupo, o que aconteceu num quadro grave e complexo de luta de poder entre accionistas (e gestores) pelo seu controlo. Em Setembro, o ex-CEO acabaria por renunciar ao lugar, que ocupava há mais de dois anos, garantindo uma indemnização à cabeça de 10 milhões de euros, o que o impede de voltar a exercer funções em instituições bancárias concorrentes. Teixeira Pinto garantiu ainda o pagamento (ao casal) de uma pensão anual vitalícia da ordem dos 500 mil euros. Ou que dá 35 mil euros por mês, 14 meses por ano.

Quando, na próxima semana, o BCP divulgar as contas anuais de 2007, estas deverão incorporar uma verba de 22 milhões de euros associada à demissão negociada de Paulo Teixeira Pinto, que entrou para o banco em 1995, assumindo a presidência em 2005. Nas contas anuais, o banco contabiliza a verba despendida com o seu anterior presidente logo à cabeça. No site oficial do BCP, está prevista a publicação das contas anuais de 2007 na próxima terça-feira.

O Banco Comercial Português (BCP) voltou ontem a ser fortemente penalizado em bolsa, tendo registado uma desvalorização de quase três por cento, encerrando nos 2,41 euros por acção.

Com o resultado de ontem, e desde a assembleia geral que elegeu novos órgãos sociais, a instituição agora liderada por Carlos Santos Ferreira já acumula uma queda de 11 por cento. O mesmo é dizer que, nos últimos três dias, o valor de mercado do banco caiu em mais de mil milhões de euros, com a capitalização bolsista a cair de 9,78 mil milhões de euros para 8,70 mil milhões, tendo em conta a cotação de fecho de ontem. Mas, na sessão de ontem, o desempenho dos títulos do maior banco privado português ainda chegou a ser mais negativo: o BCP chegou a estar a perder mais de seis por cento.

Na base desta quebra está, por um lado, a crise financeira internacional que afecta particularmente a banca, mas também os preços-alvo avançados pela UBS e pelo Deutsche Bank. No primeiro caso, o preço justo para o BCP foi fixado nos 1,85 euros e, no segundo, nos 2,20 euros.

Sugerir correcção
Comentar