Kasparov preso e condenado a cinco dias de prisão por organizar marcha anti-Putin proibida em Moscovo
O protesto ficou abaixo das expectativas. Mesmo assim foi travado pela polícia
A O antigo campeão mundial de xadrez e feroz opositor de Vladimir Putin Garry Kasparov foi mais uma vez detido durante uma manifestação organizada pelo seu partido (como já tinha sido em Abril deste ano). Mas enquanto nessa ocasião foi libertado horas depois de ser detido, desta vez foi condenado a cinco dias de prisão acusado de "ofensas públicas" e de participar numa marcha não autorizada. A detenção de Kasparov e 60 outras pessoas e a proibição da marcha adensaram o clima de tensão a uma semana das eleições legislativas do próximo domingo, escreve a AFP. E acontece dois dias apenas depois de o Presidente, Vladimir Putin, ter acusado a oposição russa de receber apoio de países estrangeiros.
O partido de Vladimir Putin, Rússia Unidas, é largamente favorito segundo as sondagens que chegam a dar-lhe dois terços dos votos, sendo expectável que Putin deixe a presidência para se transformar num primeiro-ministro com uma forte concentração de poderes.
O protesto a favor de uma "Rússia sem Putin" juntou entre mil (segundo a AFP) e três mil manifestantes (segundo a Reuters).
"Não às eleições. Sim à Rússia. Contra Putin", era a palavra de ordem dos participantes na marcha - que contava ter como destino a comissão nacional eleitoral -, que acabou por ser proibida.
Os manifestantes puderam reunir-se mas não desfilar. Alguns manifestaram os seus receios perante as perspectivas de continuar a ter Putin à frente dos destinos do país. "A censura está em todo o lado e as nossas liberdades diminuíram", disse à Reuters Tatiana Manukova, de 61 anos. "Com Putin, o futuro não será melhor."
Não foi a primeira vez que a polícia travou uma marcha do partido Outra Rússia de Kasparov, lembra a Reuters. Este reiterou que o objectivo do seu partido era "desmantelar o regime" de Putin e do seu círculo próximo para quem a Rússia "não é mais do que uma fonte de enriquecimento".
Ao lado do líder da Outra Rússia, no arranque da marcha, seguia outro dirigente do partido, Edouard Limonov, e o líder da União das Forças de Direita, Boris Nemtsov (partido liberal da oposição).
Este explicou que houve menor adesão do que era previsto devido ao clima de intimidação instaurado pelas autoridades - o que estará a dissuadir parte das pessoas. A.D.C.