Fábrica de pás eólicas da Enercom em Viana do Castelo vai arrancar com produção um ano antes do previsto

Antecipação serve para aproveitar oportunidade de mercado; é a segunda unidade do cluster eólico a entrar em produção

a Três naves com 300 metros de comprimento, 100 metros de largura, erguidas e equipadas em nove meses, numa área equivalente a três campos de futebol, constituem a primeira fábrica de pás de torres eólicas do país que o primeiro-ministro, José Sócrates, inaugura hoje, em Viana do Castelo. A unidade fabril, parte central do (também) primeiro projecto industrial integrado do país, e que o consórcio Eneop ganhou, arranca um ano antes da obrigação contratual com o Estado, de forma a "aproveitar uma oportunidade de mercado", segundo o presidente do consórcio, Aníbal Fernandes.
Apresenta também preocupações ambientais invulgares para os padrões portugueses. Por exemplo, vai funcionar com um sistema de iluminação natural e com um tanque subterrâneo de cerca de 1000 metros cúbicos para armazenar água das chuvas para utilizar no processo produtivo e para uma reserva permanente contra incêndios.
A fábrica, da responsabilidade dos alemães da Enercon que são o parceiro tecnológico do consórcio, começou a laborar no mês passado e está agora a finalizar a fase de testes, com 140 trabalhadores recrutados. Arranca com a produção em série até Dezembro e em Março de 2008 deverá funcionar já em cruzeiro, com 540 trabalhadores distribuídos por dois turnos. A antecipação da sua entrada em funcionamento em cerca de um ano deve-se a uma opção da Enercon, face à existência de encomendas de equipamento por parte de clientes portugueses (extraconsórcio), "uma oportunidade", de acordo com o mesmo responsável, que "vai evitar importações da Alemanha". Neste primeiro ano, vai produzir 450 pás.
Depois, a partir de 2008 e até 2010, produzirá integralmente para os parceiros do consórcio (Enernova, da EDP, Finerge, da Endesa, Generg, da Electrabel e Fundação Oriente, e Sodesa, da Endesa e Sonae). A partir desse ano, está obrigada a exportar 60 por cento do total da sua produção.
A fábrica de pás de rotor é a segunda de seis novas unidades do cluster industrial eólico a ser inaugurada - a primeira foi a das torres metálicas, da A. Silva Matos, no mês passado -, um projecto que conta ainda com a ampliação de 12 unidades industriais existentes e a promessa de mais de 1500 milhões de euros de investimento, no total. Hoje, será também assinalado o lançamento da primeira pedra das fábricas de torres de betão, em Viana do Castelo, e de geradores e mecatrónica, em Lanheses, representando um investimento superior a 41 milhões de euros.
Com o pólo industrial eólico a desenvolver em Viana do Castelo, a Enercon vai construir integralmente os geradores pela primeira vez fora da Alemanha e terá na cidade minhota a sua unidade mais avançada. A fábrica de pás, pela qual é responsável, custou-lhe 2,5 milhões de euros acima dos quase 35 milhões de euros previstos, pelo facto de as prospecções geológicas terem revelado um terreno menos propício do que o previsto e obrigado à construção de fundações do edifício mais complexas.
O custo da fábrica, cuja construção arrancou em Janeiro, é suportado pela Enercon, sendo que o incentivo para o consórcio vem por via da tarifa que lhe será paga pela produção de energia eléctrica nos parques eólicos dos seus parceiros.
540
A funcionar em velocidade de cruzeiro (Março de 2008), a fábrica de Viana do Castelo ocupará 540 trabalhadores
Em Outubro do ano passado,
a Eneop assinou com o Governo português o contrato para a construção de uma fileira industrial eólica.
Tratou-se da contrapartida pela atribuição de 1200 megawatts de potência eólica, na sequência do principal concurso público para a energia eólica.
O acordo parassocial entre
os accionistas criou, entretanto, duas subholdings: a Eneop 2, que tem como activos os parques eólicos sob a responsabilidade da Enernova, Finerge, Generg e Sodesa, e, ainda, a Eneop 3, que é da responsabilidade exclusiva
da Enercon.

Sugerir correcção