Investigadores portugueses recebem salários inferiores comparativamente à média da União Europeia
Portugal, a meio da tabela, paga pior no sector privado e faz distinções entre homens e mulheres
a Em Portugal, os investigadores recebem, em média, 29 mil euros anuais. Menos sete mil do que a média dos 25 Estados da União Europeia (UE). Os dados estão no Estudo das Remunerações dos Investigadores dos Sectores Público e Privado, que foi ontem divulgado pela Comissão Europeia. Se estes valores forem comparados com os dos EUA, Austrália ou Japão, as disparidades ainda são maiores. Em média, um japonês ganha 68.872 euros/ano. Dentro da UE, as variações são imensas: na Letónia, o país com a remuneração anual mais baixa, o valor é de dez mil euros; do outro lado da tabela está o Luxemburgo, com quase 64 mil euros anuais.
"A grande disparidade entre os salários de certos países da UE contribui para que os melhores investigadores procurem oportunidades noutras partes do mundo", alerta Janez Potocnik, comissário europeu para a Ciência e Investigação, em comunicado, acrescentando que alguns Estados devem dar mais atenção aos que fazem um "trabalho vital para o nosso futuro".
No caso português há grandes diferenças entre quem está no sector público e no privado. Um investigador numa empresa pode ganhar 22.673 euros anuais, ao passo que se estiver ligado ao ensino superior o seu salário sobe para os 27.495. Mas é nos laboratórios do Estado que estes profissionais são mais bem remunerados, com uma média anual de 39.893 euros.
Manuel Pereira dos Santos, dirigente da Federação Nacional dos Professores, critica o Governo por não criar carreiras para os investigadores mais jovens que trabalham como bolseiros, sem contratos, nem benefícios sociais, mas que fazem investigação como os demais. "O investimento em investigação não tem sido feito na valorização dos recursos humanos", confirma André Levy, presidente da Associação de Bolseiros de Investigação Científica. Segundo dados de 2003, em Portugal havia um défice de dez mil investigadores e não é o programa do Governo (que prevê celebrar contratos de cinco anos com cerca de mil investigadores) que permite combater essa falta, aponta Levy.
O estudo indica ainda que em Portugal existe uma diferença superior a 35 por cento entre os salários dos homens e das mulheres. O mesmo acontece na República Checa e na Estónia. O estudo é resultado de um inquérito feito a cerca de 10 mil investigadores. Foram consideradas as respostas de quem dedica pelo menos metade do seu tempo à investigação.