Erros da defesa reavivam fantasma da Amadora
Estrela marcou dois golos nos quatro minutos finais e impôs segundo empate seguido a Jesualdo. Vantagem portista reduz-se antes da visita à Luz
aParece que o síndroma da pausa de Inverno chegou mais cedo este ano. Em duas jornadas seguidas, o FC Porto desperdiçou quatro pontos e, embora permaneça isolado na liderança da Liga no fim do primeiro terço da prova, viu o Benfica aproximar-se precisamente antes de receber o Setúbal e visitar o Estádio da Luz, no início do próximo mês. Ontem, na Amadora, a equipa de Jesualdo Ferreira teve tudo para somar os três pontos, mas dois erros defensivos nos últimos minutos permitiram ao Estrela empatar (2-2) e confirmar-se como uma equipa maldita para os portistas.Hora e meia antes de o jogo começar, o autocarro do FC Porto sentiu di-
ficuldades para entrar no parque de estacionamento do Estádio José Gomes. Mais uma prova de que o recinto do Estrela é apertado e provoca uma certa dose de claustrofobia, que os portistas têm sentido amiúde quando ali se deslocam. E assim que João Ferreira apitou para o início do encontro, percebeu-se que as ordens do Estrela eram para fechar todos os caminhos para a sua baliza. Daúto Faquirá até lançou Vítor Moreno, normalmente defesa, como médio-esquerdo, para tapar as subidas de Bosingwa, um dos habituais desequilibradores do adversário.
E a receita de Faquirá até começou por dar resultados. O FC Porto não conseguia chegar com perigo à baliza de Nélson e o Estrela, mesmo sem qualquer oportunidade flagrante, ron-
dou mais vezes a área de Helton. Só que ao contrário do autocarro, que não conseguiu mesmo entrar no par-
que, os bicampeões nacionais encontraram uma solução para bater Nélson. Cortesia de Lisandro López, que transformou um cruzamento mediano de Raul Meireles num golo (24"). Desta vez, o argentino recorreu a uma excelente recepção de peito, para tirar Hélder Cabral do caminho, e rematou com o pé esquerdo. E vão nove golos na Liga.
Depois do golo, o FC Porto baixou o ritmo, conservou a posse de bola e aproveitou a apatia do Estrela para gerir o jogo sem problemas. A equipa da casa ainda tentou uma reacção logo a seguir ao intervalo, mas os portistas rapidamente reagiram. Raul Meireles iniciou e concluiu a melhor jogada do jogo (50"): cruzamento de Lucho, calcanhar de Quaresma e o remate do médio, ainda com um desvio em Mar-
co Paulo, bateu Nélson pela segunda vez.
Quaresma, com sinais de retoma mais para o espectáculo do que para o resultado, ainda desenhou uma jogada individual, que encontrou Lisandro solto na esquerda. Ainda fora da área, o argentino atirou a bola ao poste, com remate de fora da área (61"). O FC Porto vivia o melhor período e Lucho foi poupado. As facilidades aparentes e a saída do argentino acabaram por ser fatais para os portistas.
Em apenas quatro minutos, o Estrela chegou ao empate. Primeiro num livre de Mateus, em que Maurício des-
viou de cabeça, aproveitando a má saída de Helton (85"). E a um minuto do fim, Stepanov puxou a camisola de Jeremiah - Mateus converteu o penálti. O Estrela voltava a empatar o FC Porto e a igualdade confirma-se como o resultado mais comum nas visitas do Dragão à Reboleira - é a 8.ª vez em 15 jogos. E afinal, tal como o autocarro na abordagem ao parque, também o FC Porto falhou a vitória.
Jogo no Estádio José Gomes, na Amadora. Assistência cerca de 3000 espectadores
E. Amadora Nélson 5; R. Duarte 6, Wagnão 5, Maurício 7, H. Cabral 5; Marcelo G. 4 (Mateus 7, 46"), M. Paulo 5, T. Gomes 6; Moreno 5 (Ndiaye 5, 72"), Yoni 5 (Jeremiah 6, 46"), Anselmo 6.
FC Porto Helton 4; Bosingwa 5, Stepanov 4, B. Alves 6, Fucile 6; P. Assunção 6, R. Meireles 6 (Kazmierczak -, 88"), Lucho 6 (Bolatti 5, 70"); Quaresma 6, Tarik 5 (Adriano 5, 77"), Lisandro 7.
Árbitro João Ferreira 6, de Setúbal. Amarelos Marcelo (29"), Wagnão (52"),
Golos 0-1, por Lisandro, aos 24"; 0-2, por Raul Meireles, aos 50"; 1-2, por Maurício, aos 85"; 2-2, por Mateus, aos 89" (g.p.)
E. Amadora 2
FC Porto 2