Este novo filme traça a entrada de Isabel I na "idade de ouro" do seu reinado, com a morte da pretendente católica ao trono inglês, Mary Stuart, e a derrota da Invencível Armada espanhola, mas qualquer semelhança entre "Elizabeth - A Idade de Ouro" e o filme de 1998, apesar de ambos terem sido dirigidos por Shekhar Kapur e de partilharem grande parte do elenco, é mera coincidência.
Onde "Elizabeth" era sombrio, claustrofóbico, brutal na sua abordagem da história como uma constante luta de poder, agora temos uma extravagância vistosa e histriónica sobre Isabel como uma diva esquizofrénica que se ressente de não poder ser uma mulher realizada, digna dos velhos filmes "históricos" de Hollywood com Bette Davis ou Joan Crawford.
Os primeiros minutos enganam: dão a entender que este é um filme sério. Depois, a coisa descamba: narrativa aos saltos, personagens que só estão lá porque sim (pobre Samantha Morton, duas cenas como Mary Stuart e hop, cortam-lhe a cabeça - nem valia a pena ter-se dado ao trabalho), actores à toa e um indescritível histerismo visual que passa o filme a dizer "olhem que bem que filmamos" em vez de se preocupar com coisas tão básicas como contar uma história ou criar personagens. "Elizabeth - A Idade de Ouro" há-de ser um filme de culto, mas pelas razões erradas: é tão inexplicavelmente mau que só na desportiva se consegue levar.