Cientistas explicam por que é que a versão criacionista do mundo não faz sentido
Há anos que os criacionistas lutam para afastar do
ensino escolar a teoria da evolução de Darwin
a É um debate na moda, que põe em cena duas visões opostas e irreconciliáveis: a teoria da evolução das espécies de Darwin e o criacionismo, um movimento religioso fundamentalista. Na próxima semana, seis cientistas vão explicar, na Culturget de Lisboa, por que é que a versão criacionista do mundo não faz sentido.Também conhecido como teoria da "concepção inteligente" (intelligent design), o criacionismo defende que a vida na Terra começou tal como diz a Bíblia: com Deus a criar em seis dias o Universo, a Terra, os animais, o homem e a mulher. Há anos que os criacionistas lutam para afastar do ensino escolar a teoria da evolução de Darwin - ou pelo menos colocá-
-la em pé de igualdade com a história bíblica - e nos EUA têm tido bastante sucesso. O seu "avanço" na Europa tem sido mais modesto. Contudo, um grupo de cientistas portugueses achou que era preciso lançar este debate entre nós. E por ocasião da publicação do seu livro, intitulado Evolução e Criacionismo - Uma Relação Impossível (Ed. Quasi), a Culturgest organizou um ciclo de cinco conferências com o mesmo título, que decorrerão de 8 a 12 de Outubro ao ritmo de uma por dia, sempre pelas 18h30.
"Porquê, no início do século XXI, um livro em Portugal sobre a aceitação da evolução?", pergunta, na introdução do livro, Augusta Gaspar, investigadora do ISCTE e coordenadora e co-autora do trabalho. "Ainda há na nossa sociedade quem acredite realmente que os organismos vivos foram criados em seis dias como relata o livro do Génesis? Sim. Mas isso talvez não fosse um problema se não existissem movimentos de criacionismo científico", responde a investigadora. Existe um perigo real, explica: "A Internet fervilha de textos e vídeos sobre criacionismo capazes de deixar qualquer um, que não tenha conhecimentos sólidos de ciência e de evolução em particular, num tornado de ideias desarrumadas. O criacionismo "científico" tem criado muitos problemas no ensino da Biologia nos Estados Unidos, invadiu a Europa há alguns anos e começou agora a movimentar-se em Portugal."
Para além desta cientista, os outros conferencistas e co-autores do livro são Teresa Avelar e Frederico Almada, da Universidade Lusófona; e Octávio Mateus, do Museu da Lourinhã. Participam ainda Gonçalo Jesus, também da Universidade Lusófona, e Margarida Matos, da Universidade de Lisboa.