Dwight D. Eisenhower, o vencido que teve o que quis
Para muitos e durante muitos anos, o presidente Eisenhower, então a servir o seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, depois de uma eleição conquistada por uma confortável maioria em 1956 e gozando de uma imensa popularidade, apareceu como o grande derrotado pelo Sputnik. Muitos americanos sentiram que Ike (como era conhecido), apesar do seu passado militar, tinha permitido que os soviéticos batessem os EUA precisamente no terreno da tecnologia de uso militar, devido a uma excessiva preocupação de equilíbrio orçamental interno e de equilíbrio de poder com a URSS e a uma despreocupação com o “inimigo” que os americanos julgaram imperdoável.Na realidade, Eisenhower não foi apanhado de surpresa pelo Sputnik, que sabia que os soviéticos tinham capacidade para lançar, dedicou algumas energias a tentar convencer o público americano (sem êxito) de que ser o primeiro neste campeonato não era assim tão importante desde que se dispusesse da mesma tecnologia e parece até ter acolhido o lançamento com um discreto alívio.
De facto, em 1957 Eisenhower estava preocupado antes de mais em defender o princípio da “liberdade de uso do espaço” e o conceito de que a soberania de um país não se estendia para além da atmosfera, de forma que os EUA pudessem sobrevoar a URSS com os seus aviões espiões (o U-2 estava secretamente em funcionamento) para localizar os mísseis transcontinentais soviéticos. Ike queria poder fazer isso sem desencadear uma guerra e ter o Sputnik a sobrevoar calmamente todos os países do mundo ofereceu-lhe de mão beijada o precedente perfeito.