Ficha de jogo
O campeão nacional foi eliminado da Taça da Liga nos penáltis, depois
de ter empatado a zero com um clube recém-promovido à Liga de Honra
Jogo no Estádio Municipal de Fátima, em Fátima. Assistência cerca de 2500 espectadores.
CD Fátima Pedro Duarte 7, Marco Airosa 7, Jorge Teixeira 6, Veríssimo 6, Duarte Machado 6, João Fonseca 6, Joel 5, Falardo 5 (Moreira -, 84"), Cícero 5 (Miguel Xavier 5, 64"), Marinho 6 e Saleiro 6.
FC Porto Nuno 6, Fucile 6, João Paulo 5, Stepanov 6, Lino 4, Bolatti 4, Kazmierczak 5 (Cech 6, 46"), Leandro Lima 5, Rui Pedro 5 (Adriano 4, 46"), Mariano Gonzalez 4 e Farías 4 (Edgar 4, 67").
Árbitro: Carlos Xistra 5, de Castelo Branco. Amarelos: João Fonseca (79") e Marek Cech (79").
Golos: 0-0 (4-2 g.p.)
Fátima 0 (4)
FC Porto 0 (2)
a O FC Porto acabou de joelhos a sua deslocação a Fátima e foi obrigado a expiar os seus pecados por ter jogado com tanta soberba no estádio de um clube que só este ano subiu às divisões profissionais do futebol português. O milagre aconteceu mesmo e o Fátima, da Liga de Honra, eliminou o campeão nacional da Taça da Liga, na primeira vez que os portistas jogaram nesta competição.
À equipa de Jesualdo Ferreira só lhe resta bater no peito e sussurrar, cabisbaixa... mea culpa, mea culpa. Porque se o Fátima fez o que lhe competia, o FC Porto foi vítima de um dos pecados capitais: a soberba. O espírito do Atlético, que a época transacta afastou os portistas da Taça de Portugal quando ninguém esperava, pairou de novo sobre a cabeça do "dragão". E Jesualdo Ferreira voltou a ser assombrado pelo maquiavélico espectro das equipas de divisões inferiores. O empate a zero com que o jogo terminou culpa a atitude do FC Porto. Sem a grande maioria dos habituais titulares (poupados para outras missas) a equipa portista tinha, apesar da revolução que o treinador promoveu, obrigação de fazer muito mais. Só que as mudanças foram muitas e o "dragão" nunca foi compacto. Do outro lado, esteve um Fátima cheio de fé, que fez o que lhe competia, acreditando que era possível afastar os portistas.
A primeira parte foi terrivelmente desinteressante. O FC Porto entrou a jogar com um ritmo de treino, à espera que um cruzamento para a área do adversário resolvesse o jogo a seu favor. Com Stepanov, Lino, Bolatti, Kazmierczack, todos jogadores de elevada estatura, os campeões nacionais pouco mais fizeram do que tentar uns quantos centros. Já o Fátima mostrou, desde o primeiro minuto, que não tinha medo do "dragão". Com o lateral M. Airosa a funcionar como fonte inspiradora e Saleiro a ser a referência no ataque, os homens da casa responderam a cada investida portista com um lance de perigo.
No segundo tempo, Jesualdo Ferreira arriscou mais. Depois de ter iniciado o jogo com uma estrutura táctica composta por dois médios de características mais defensivas (Bolatti e Kazmierczack), o treinador dos "azuis e brancos" fez entrar Adriano (passando a ter dois ponta-de-lança) e Cech (um médio mais ofensivo). Só que as melhorias foram residuais. Um tiro de Leandro Lima, defendido por Pedro Duarte para a barra da baliza e um remate de Edgar (que entretanto entrou para o lugar de um apagado Farías) para mais uma boa defesa do guarda-redes do Fátima foi o melhor que o FC Porto conseguiu.
Mas o Fátima nunca deu a outra face. Um remate de Mariano de fora da área obrigou Nuno a uma defesa a punhos e os minutos finais da partida foram de pressão dos homens da casa, que compensavam a pouca classe com abnegação.
Sem que um golo desempatasse o jogo, foi inevitável o recurso às grandes penalidades. E nem na marca dos 11 metros os jogadores do Fátima vacilaram. Uma defesa de Pedro Duarte ao pontapé de Lino injectou o moral que poderia faltar aos restantes jogadores e desmoralizou uma equipa portista já descrente e entregue ao destino. Quando Mariano G. se dirigiu para a marca do penálti, já quase todo o estádio estava de pé, à espera da desgraça. E o sul-americano nem na baliza acertou, abrindo as portas para que o milagre se concretizasse.